sábado, 30 de abril de 2016

Tavapensandoaqui em fazer uma declaração

Tavapensandoaqui em fazer uma declaração. Do imposto de renda. Tem coisa mais chata? Pagamentos efetuados. Como assim? Paguei um monte de cafezinhos, só isso dá quase todo o meu salário anual. 
Temos 60 dias para fazer a declaração e entregamos no último dia. Quer dizer, nem todo mundo, é claro. Alguns entregam no penúltimo dia. Alguma razão deve existir para isso. Eu sei qual é. É porque é chato. 
Primeiro dia: reportagem na TV informando que os declarantes não conseguem transmitir a declaração. Oi? Já? A pessoa no primeiro dia e na primeira hora e no primeiro minuto quer entregar a declaração? Gente doida. 
Bem feito, se ferraram. Na reportagem da TV e do Rádio a notícia de que a situação agora está normalizada só sai às 10h30 da manhã informando que a Receita Federal teve problemas no recebimento das declarações. Eu penso “tenho que fazer meu IR”. 
Décimo dia: penso “puxa, preciso fazer meu IR”. Vigésimo dia: penso “puxa, preciso fazer meu IR”. Trigésimo dia: penso “puxa, já passou um mês, preciso fazer meu IR”. 
Trigésimo quinto dia: pergunto para a mulher se todos os comprovantes do IR já chegaram e ela confirma. Penso: “puxa, preciso fazer meu IR”. Quadragésimo dia. Passo na administradora para pegar o extrato do aluguel. Penso: “puxa, preciso fazer meu IR hoje”. Chego a casa para sentar no computador e baixar o programa da Receita. Desisto e desligo, porque tenho que levar o cachorro para passear. Penso: “puxa, eu não tenho um cachorro”. Assisto TV. 
Quadragésimo sexto dia: penso “puxa, vou fazer o IR neste final de semana”. Sábado teve a festa da formatura da filha, domingo eu acordo acabado. Quadragésimo nono dia: penso “deste final de semana não passa. Puxa, preciso fazer meu IR”. Quinquagésimo terceiro dia: penso “puxa, desta semana não passa”. 
Quinquagésimo quinto dia. Descubro que o dia final de entregar a declaração é sexta-feira dia 29 e não no sábado dia 30. O qüinquagésimo quinto dia transforma-se num passe de mágica tal qual o vestido da Cinderela e seus sapatinhos de cristal mais a abóbora, no qüinquagésimo sexto dia. Isso sim é dizer que o tempo passa voando. 
Baixo o programa da Receita. Ao instalar diz que é de origem desconhecida e o antivírus reclama. Faço novamente e o antivírus enche o saco novamente. Ligo o “fod...” quer dizer, “o seja o que Deus quiser” e chega por hoje, já fiz muito. Penso “amanhã tenho aula e aniversário da amiga, não posso faltar de jeito nenhum, vou fazer tudo depois de amanhã”. 
Quinquagésimo oitavo dia: passo a noite preenchendo os dados, viro a madrugada e descubro que falta o saldo da conta corrente da mulher. E ela disse que tudo estava OK. Vou dormir, pois já é o quinquagésimo nono dia. 
Acordo e peço para a mulher buscar a informação. Finalizo as declarações. Entrego durante o dia, sem sobressaltos. Sexagésimo dia. Penso “vou imprimir a DARF para pagar”. A tinta da impressora acaba. Ainda bem que basta pagar pelo código de barras. 
Tempos modernos. Penso “ano que vem vou entregar a declaração logo no início”. Penso “todo ano eu penso isso”. Tava pensando aqui...

sábado, 9 de abril de 2016

Tavapensandoaqui na qualidade ruim do serviço nos tempos de crise

Tavapensandoaqui na qualidade ruim do serviço nos tempos de crise. Nos estabelecimentos comerciais de uma forma geral. Costumo ser bem atendido na maioria das vezes, mas na época atual de crise que estamos vivendo alguma coisa tem mudado. Eu passo por diversos postos de combustível diariamente e vejo muitos frentistas aguardando a chegada de algum veículo para abastecer. Acredito que o movimento diminuiu e que estes estabelecimentos dispensaram vários profissionais para diminuir custos assim como fizeram diversos outros estabelecimentos. Como exemplo, eu tomo café num quiosque todo fim de semana. Três moças faziam o atendimento e no meio do ano passado uma foi dispensada e a partir de lá só duas fazem o atendimento. Se um estabelecimento presta o serviço com uma quantidade de pessoas e reduz essa quantidade, é de supor que em algum momento de pico de clientes a qualidade do atendimento tenderá a cair. Semana passada indo ao serviço de carro, o trânsito parou na direção que eu ia, então eu decidi ir pela transversal pegando um atalho pelo posto de combustível da esquina. Fiz a conversão para entrar no posto e em seguida entrar na rua transversal. Não gosto de fazer isso e quando eu vejo alguém fazendo eu geralmente reprovo. Então ao entrar no posto resolvi parar e pedir para calibrar os pneus. Fazia quase um mês que os pneus não recebiam atenção. Dois frentistas conversavam. Um terceiro estava atrás daquele balcão que recebe os pagamentos em cartão. Parei e pedi para calibrar. Os frentistas que conversavam apontaram para a lateral do posto, indicando onde eu deveria ir igual aquele comercial da TV que o cara aponta onde é o posto para pedir informação. Olhei e achei que era encostado a um muro e quando passei em frente da bomba de combustível escutei um berro e parei. O moço do balcão apontou que na própria bomba tinha um compressor de ar. Desci do carro ficando entre as duas bombas aguardando ser atendido. Nada. Pensei: “o papo deve estar bom, vou fazer eu mesmo e pegar os cinco reais da gorjeta e comprar um café”. Peguei a mangueira do compressor e fui desenrolando e calibrando os quatro pneus. Fazia calor de 28 graus neste estranho começo de abril (outono) de 2016. Na rua uma fila de carros aguardava o semáforo abrir e imaginei o que pensavam eles ao ver um motorista vestido socialmente calibrando seu próprio veículo em um calor desses com três frentistas de braços cruzados. Calibragem concluída eu vi meus dedos pretos com a borracha da mangueira. Peguei o volante com as palmas da mão para não sujá-lo e estacionei o veículo para entrar na lanchonete do posto e tomar meu merecido café. Entrei e peguei um guardanapo para limpar os dedos. Visualizei duas máquinas de café expresso, aquela manual onde o atendente faz o café e uma automática. Pedi um café expresso da máquina manual. A atendente gritou para dentro da loja perguntando se a máquina estava preparada. Disseram que não. Ela disse: “moço, só dessa outra”. Gostei do “moço”. Aceitei e pedi um pão de queijo, mas ao olhar para o local onde ficam não havia nada. Ela me disse que estavam assando. Perguntou-me se eu queria o café na xícara. Confirmei. Ela colocou uma xícara enorme de chá. Apertou o botão e saiu água suja. Ela abriu a máquina, eu agradeci e me despedi dela dizendo que eu estava um pouco apressado. E agora eu me pergunto e eu não me respondo: será que a qualidade do serviço está pior porque temos menos funcionários trabalhando ou é porque os funcionários que ficaram foram os funcionários errados? Tava pensando aqui...

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Tavapensandoaqui que somente hoje é primeiro de abril



Tavapensandoaqui que somente hoje. Somente hoje deveria ser permitido falar “vamos investir na educação”. 
Somente hoje deveria ser permitido falar “vamos combater a corrupção”. 
Somente hoje deveria ser permitido falar “vamos enxugar a máquina pública”. 
Somente hoje as frases: “vamos diminuir os impostos”, “não haverá demissões”, “vamos crescer”, “não haverá aumento nas tarifas”, “vamos punir os responsáveis”, “vamos proteger nossas crianças”, “vamos melhorar nossa Justiça“, “vou fazer regime”, “vou fazer academia”, “vou aprender uma língua”, “até que morte nos separe”, “não fui eu!” também deveriam ser ditas. 
Porque hoje é o dia da mentira. Hoje é primeiro de abril. Somente hoje. Fazemos o primeiro de abril todos os dias. Que pena. Tava pensando aqui...