domingo, 26 de junho de 2016

Tavapensandoaqui nas mudanças em nossos costumes.

Tavapensandoaqui nas mudanças em nossos costumes.
Eu costumava usar mochila para trabalhar, mas cansei porque sempre achei feio. Qual a opção? Acompanhe a crônica do ano passado, 13/05/2015, que hoje faz parte do meu livro #tavapensandoaqui.
Mudei a bolsa que levo para o trabalho nesta semana. Cansei de carregar mochila, aquela que todo profissional de TI carrega, provavelmente com seu Notebook. Não carrego mais Notebook. Para que vou carregar mochila?
Todo cara de terno ou roupa social e com mochila, está escrito na testa que é uma pessoa de TI carregando seu computador.
A mochila é um acessório muito feio. Serve para caminhadas. Levar lanche. Marmita. Nem para viagem devia ser usada, para isso existe mala de mão. Em minha opinião destoa completamente das roupas sociais que usamos.
Procurei uma alternativa atual, já que antes usávamos as famosas pastinhas 007 em couro para carregar nossas tranqueiras (aliás, homem precisa de bolsa pra carregar o quê, exatamente?).
Escolhi uma bolsa estilo carteiro na cor neutra (sei lá que cor é, mas é cor clara tipo bege ou creme) e acredite, minha sogra olhou mim com a bolsa e disse: “o Sergio é carteiro?”.
Depois de xingá-la mentalmente, fomos a Santos nos reunir com a família no domingo das mães. Fui com a bolsa carteiro e quem viu gostou. No trabalho também houve aprovação geral. Pelo menos as amigas aprovaram.
No Metrô, na segunda-feira, eu estava meio acanhado com o acessório, pois é diferente do que eu usava.
Mudança de costume sempre é estranha. Parece que todo mundo sabe que você está diferente e olha para você pensando “ele agora está usando uma bolsa ao invés da mochila. Que estranho”.
Entrei no vagão tendo que me desviar de um senhor oriental velhinho que atrapalhava a entrada no vagão igual a todo usuário de Metro mal educado que faz isso.
Ele lá firme atrapalhando a entrada em cada estação do Metro. Nem sentado no assento especial ele estava, ele fazia questão de ficar na porta. Mas ele está atrapalhando meu raciocínio também, vou voltar ao tema.
Continuando a minha observação sobre os usuários daquele Metro observei um senhor com uma admirável barriga, calça clara camisa social azul listrada clara, ostentando uma bolsa a tiracolo, pouco menor que a minha, mas sem ser mochila.
Olhei mais para frente no vagão e vi outro senhor forte alto de bolsa com um enorme fone de ouvido e ele estava lendo um livro. Bati o olho no livro de capa vermelha e percebi que ele lia um romance, um drama escrito por uma autora famosa.
Acho que o mundo está mudando. Costumes mudando. Tava pensando aqui...

sábado, 25 de junho de 2016

Tavapensandoaqui na praticidade de se vestir para sair de casa.

Crônica de um ano atrás, faz parte do meu livro #tavapensandoaqui. Acompanhe. #tavapensandoaqui na praticidade de se vestir para sair de casa. Tudo no maior silêncio. Sou prático, virginiano e costumo ter minhas coisas praticamente arrumadas. Quando saio de casa antes de minha mulher procuro deixar as roupas praticamente separadas no outro quarto, mas nem sempre isso pode ser feito por motivos diversos. Então quando não é possível separar antecipadamente eu faço tudo praticamente no maior silencio.
Levanto da cama praticamente antes do despertador e o desligo para não acordar a princesa. Às vezes esqueço. Calço os chinelos saio de mansinho abrindo a porta do quarto inhéééc, a porta precisa de um pouco de óleo e a fecho plammm para ir beber água na cozinha. Bebo água e volto de mansinho, abrindo a porta praticamente sem barulho inhééééc e fecho-a de novo plammm.
Entro no WC da suíte, fecho a porta inhééé plammm. Um pouco de óleo aqui no WC da suíte seria bom também. Descarga é praticamente silenciosa splashuaaaááa. O que faz um pouco de barulho é a caixa do vaso sendo cheia. Lavo as mãos e vou tomar banho rápido, chuáaáááááá em silêncio praticamente absoluto.
Enxugo-me. De toalha faço barba, passo loção pós-barba, desodorante, perfume, creme do cabelo, penteio, escovo dentes, enxaguante bucal. O barulho da torneira é praticamente imperceptível.
Abro a porta para sair da suíte inhéééc e abro a porta do guarda-roupa para pegar a roupa. Inhéééc inhéééc (são duas portas que tem que abrir, senão a gaveta não abre).
Puxo a gaveta vrummm e pego as meias e cueca praticamente no escuro, sem acender a luz. Só tenho par de meias pretas para ser prático nesta hora. Escolho a calça e camisa praticamente no escuro indo e vindo até o local mais claro pra ver a cor direito. Fecho gaveta vrummm as portas inhéééc inhéééc plamm plammm, vou ao WC da suíte e me visto.
Vejo que o par de meias não casa, um tem risquinhos e outro tem florzinhas. Vai assim mesmo, ninguém vai ver. Da suíte eu volto ao quarto abro outro guarda roupa, inhéééc nhééc (duas portas também). Pego sapato, jaqueta e deixo o chinelo guardado e fecho as portas inhéééc inhéééc plammm plammm. Penduro o pijama no cabide do quarto e pego minha bolsa carteiro. Saio do quarto inhééé plammm com os sapatos, jaqueta e bolsa nas mãos.
Às vezes um sapato cai praticamente em silencio (às vezes xingo... baixinho) e eu me abaixo para pegar e vou me calçar na sala. Vejo que esqueci o cinto. Tiro os sapatos para não fazer barulho, volto ao quarto inhéééc abro o guarda roupa inhééééc inhéec pego o cinto, cai a escova de sapatos, plac plac plac, praticamente nem fazendo barulho. Fecho a porta do guarda-roupa inhéééc inhéééc plammmm plammm.
Saio do quarto, inhéééc plammm. Calço os sapatos enquanto a empregada, ops, secretária do lar chega com o guarda chuva pingando. Procuro na bolsa o meu guarda chuva, eu jurava que tinha um na bolsa.
Tiro os sapatos novamente volto ao quarto inhéééc abro a gaveta do criado mudo vrummm pego o guarda chuva fecho a gaveta vrummm plammm, saio do quarto, inhéééc plammm. Creio que a mulher praticamente nem sentiu minha presença. Calço os sapatos. Abro a bolsa carteiro e encontro o outro guarda chuva dentro.
Juro que não estava lá antes. Tava pensando aqui...

sábado, 18 de junho de 2016

Tavapensandoaqui eu entrando no Facebook



Crônica de um ano atrás, faz parte do meu livro #tavapensandoaqui. Acompanhe pela primeira vez ou relembre se já havia lido!
#tavapensandoaqui eu entrando no Facebook. O que me chama atenção ao utilizar o Facebook? Eu começo olhando quem curtiu algo ontem à noite. Deixa ver aqui, que legal várias curtidas, quase 3. Quem faz aniversário? Hoje é aniversário de fulano. Mando os parabéns.
Deixa rolar a barra aqui... páh... rolando... propaganda. Não se pode pesquisar uma raquete na internet que aparece propaganda de um monte de raquetes vagabundas pra você comprar. Eu lá sou tenista de comprar raquete no mercado? Eu heim! Sou chic!
Deixa ver mais páh...bom dia da amiga que dá bom dia sempre. Páh... vídeo maneiro, vou compartilhar. páh... páh... rolando muito...mudou a foto do perfil. Curtí. Páh... selfie com línguas de fora... páh... Deixa ver... páh...saiu com os amigos... páh... mensagem religiosa... páh... fazendo curso de culinária.... Páh... que gracinha está a filhinha deles. Curtí.
Páh... que gatinho fofo. páh... que cãozinho bunitinho páh... kkkkkkk que doida. Adoro. Tenho identificação com gente doida. Páh.... puxa que viagem legal está fazendo. Curti. Páh...  Olha, essa tem talento, que maravilha, nasceu pra isso. Curtí. Páh... foto linda, que legal. Curti. Páh... fulana na balada. Fulana no Pagode. No Pilates. Na Yoga. Curtí todas. Páh.... Puxa que bom, saiu da UTI... Curtí.
Páh...como assim? Posta que está indignada e não diz por quê? Pô, que sacanagem! Páh... opa, chamando pra joguinho e quer vida, quando eu entrar no meu eu mando.... páh...kkkkkk o significado do nome, o que você foi na vida passada, que cor você é? Que legume você é? kkkkkkk você é uma cenoura seu tonto! Ou um rabanete!  Kkkkkk... quanta besteira... páh...putz fulano existe?
Até que enfim esse fulano postou alguma coisa.... páh...esse aqui nem foto de perfil tem páh... novidades da ciência, essa amiga adora isso, também gosto.. Curtí. Páh.... caramba ela gosta de motos? Que legal páh... passeando de Bike. Páh... pular de paraquedas páh...Kart. páh... correu e ganhou a medalha, isso é legal, superação pessoal. páh... fulano ganhou prêmio? Caramba! Putz! Curtí de monte, que maravilha! páh... convite para evento... não vou... páh...chega.
E no final as pessoas perguntam pra você o que você faz tanto tempo no Facebook. Eu curto! Você não curte? Tava pensando aqui...

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Tavapensandoaqui na moda inverno estilo cebola

Tavapensandoaqui na moda inverno estilo cebola. É a nova tendência, super fashion como dizia uma amiga minha. A tendência cebola entra com força neste final de junho de 2016 onde ainda estamos no outono, nem é inverno, mas com as temperaturas atingindo zero grau Celsius ou menos nas regiões mais ao sul do Brasil. Um amigo não conseguiu dar partida no carro a álcool e não foi pelo motivo de que a gasolina do tanque auxiliar estivesse ruim. Foi porque a água do radiador e outras afins, ficaram congeladas. Mas voltando à moda cebola, ela funciona assim: você acorda para ir trabalhar com a temperatura lá embaixo no termômetro. Lava as pontas dos dedos porque você não é besta de colocar a mão inteira embaixo da torneira fria. Rosto então nem se fala. Vai ficar sem ver água o dia todo. O dedo que você molhou na torneira você passa nos cantos dos olhos para retirar a remela, e olhe lá. Vai se trocar e começa por retirar o pijama. A camiseta do time do coração ou daquele vereador que fazia propaganda política que você colocou por baixo do pijama no dia anterior você não retira, vai pegar a camisa social e colocar por cima. Quando retira a calça do pijama você pensa “ontem passei frio nas pernas e um amigo disse que não passou porque estava de ceroula por debaixo da calça”. Você procura pelo fundo da gaveta e retira de lá a ceroula que apresenta sinais de cansaço (velha, mofada). Com as meias você vai colocar a social por cima da meia de dormir. O sapato vai apertar, mas o pé vai ficar quentinho. Coloca o casaco e por cima do casaco vai aquela jaqueta própria para neve da última viagem à Bariloche ou Campos do Jordão. Enfim, uma a uma as peças se completam e você vai se encapotando com camadas, como se fosse uma cebola e acaba completando o visual com um gorro, cachecol e uma luva. Pronto, você vai para a rua com a circunferência de alguém três números maior que você e assusta o cachorro que sempre passeia por ali, pois eu nem preciso dizer que a combinação das peças entre si ficaram medonhas. O problema maior começa depois porque geralmente o tempo dá uma esquentada lá pela hora do almoço. E então a moda cebola começa a ser descebolada e existe um detalhe: a cebola se descasca pelas camadas de fora e uma a uma você vai retirando e chorando. No caso da vestimenta estilo cebola a operação de descasque fica mais complexa. Você retira a jaqueta de andar na neve e fica com calor se continuar com o outro casaco. Ao retirar o casaco o símbolo do timão se manifesta através da camisa social. Portanto, você tem que retirar a camiseta no timão e ficar com a social e o casaco, conforme o frio do horário do almoço. Com as meias acontece o mesmo. Seus pés começam a esquentar a ponto da orelha ficar vermelha. Tem que tirar as meias e as de baixo tem que ser retiradas antes das de cima, operação até o momento considerada impossível. Você se dirige ao banheiro para fazer a operação descasca cebola invertida. O banheiro geralmente é gelado, você entra em uma das casinhas e retira as peças de baixo passando um frio momentâneo. Geralmente retira os sapatos e vai colocando as coisas em cima da tampa da privada (quando tem) e alguma coisa cai no chão “limpinho” e aí complica, nem vou comentar. Você vai almoçar e no final do expediente vê pela janela que na rua está passando pingüim com gorro. Volta para o banheiro, passa mais frio ainda para colocar as peças e acaba colocando a camisa do timão por cima da social mesmo, foda-se porque ninguém vai ver quando você colocar o casaco. E você volta para a sua casa quentinha. Chegando a casa, na hora do banho você pensa “ah, hoje não. Nem suei. Vou trocar a cueca. Que frio. Acho que não”. Tava pensando aqui...

Tavapensandoaqui na evolução do CPD para empresa de Soluções de TI

Tavapensandoaqui na evolução do CPD para empresa de Soluções de TI. (Crônica de um ano atrás, agora no livro #tavapensandoaqui)
A evolução do CPD já aconteceu e agora vem o seu retrocesso como carreira na área de TI. O Centro de Processamento de Dados – CPD - era o nome pomposo do local onde ficavam os computadores mainframe (computadores de grande porte) no século passado e todas as grandes empresas tinham orgulho de mostrar aos clientes, fornecedores e concorrentes.
No CPD envidraçado para todos verem, trabalhavam profissionais bem remunerados para fazer as informações ficarem organizadas e fluírem de forma correta dentro da empresa. Grandes computadores ocupavam salas refrigeradas, esterilizadas e com cabeamento subterrâneo para manter funcionando os caríssimos equipamentos.
Um programador em inicio de carreira ganhava por mês oito vezes o valor de uma mensalidade de Faculdade de Engenharia (eu próprio).
De CPD a área passou a chamar Informática. Nesta época chegaram os PC, Personal Computers com seus vídeos cabeçudos, suas impressoras matriciais portáteis e seus abafadores de ruído enormes, verdadeiros trambolhos.
De Informática a nomenclatura evoluiu para Soluções de TI – Tecnologia da Informação.
E o telefone celular de hoje tem mais capacidade de processamento do que tinha um CPD antigo. E o técnico em TI hoje ganha pouco mais que uma mensalidade de uma Faculdade de Engenharia.
O que aconteceu entre o tempo do CPD e a atual fase de Soluções de TI?
Aconteceu que as grandes empresas inventaram que deveriam trabalhar apenas no seu nicho de sua especialização e retiraram de dentro de si os profissionais que não tinham nada a ver com a sua atividade principal.
Por exemplo, um Banco ou Fábrica não precisam de uma profissional que varre o chão, limpa os móveis e os banheiros. Terceirizou.
Não precisa de alguém para fazer o cafezinho e o almoço do pessoal. Terceirizou. Não precisa de um segurança. Terceirizou. Não precisa de um especialista em eletricidade e ar-condicionado. Terceirizou. Não precisa de um profissional de TI. Terceirizou.
O que aconteceu em comum com todas estas profissões? Uma faxineira de uma grande empresa ganhava melhor e tinha os benefícios que essa empresa dava. Perdeu tudo. Uma cozinheira e um garçom? Idem. Um segurança? Idem. Um mecânico e eletricista de manutenção? Idem. Um profissional de TI? Idem.
E hoje o profissional de Tecnologia de Informação é considerado um prestador de serviço igual aos outros com a diferença que não usa uniforme. Ainda. E vai piorar.
Em recente conversa com uma amiga, falamos que os pequenos projetos podiam ser o futuro e que a mão de obra seria contratada para realizar o projeto e parar um pouco para ser contratada para outro projeto mais a frente.
Eu comparei essa situação a contratação que fazemos de mão de obra para reformar nossa casa. Contratamos pedreiros para fazer um trabalho de poucos meses, mas ele ganha pouco e aceita um trabalho paralelo para poder compensar o pouco que ganha.
E nesse meio tempo ele se desdobra para fazer os dois trabalhos e falta uma vez aqui e outra ali para dar conta do recado sendo que o serviço acaba saindo com reclamação do cliente e baixa qualidade. Vai acabar acontecendo isso com o profissional de TI.
Outra conversa recente foi para comentar do salário baixo oferecido para profissionais de TI de hoje. Um amigo comentou que se for ganhar o que estão propondo sendo ele que é um profissional poliglota, certificado e capacitado em várias especialidades vai trabalhar por conta em profissões menos nobres para ganhar mais.
Sinto pena. Que lástima. Decadência de um setor onde a inteligência era valorizada e hoje perdeu seu encanto. Tava pensando aqui...

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Tavapensandoaqui que minha menina cresceu

Tavapensandoaqui que minha menina cresceu. Saudade de suas trancinhas com cachinhos dourados. No lugar apareceram os cabelos escorridos e coloridos, os xampus e condicionadores para cabelos deste tipo. Vieram a chapinha e o secador de cabelos, aumentando consideravelmente a conta de energia elétrica. Também já foram embora faz muito tempo, os vestidos de princesas e tiaras que povoavam seus sonhos de criança nas festas de aniversário. Os imãs que comemoravam cada um deles ficaram nas geladeiras das pessoas mais chegadas relembrando cada ano que se foi. Foram embora as fitas K7 com filmes das princesas, fadinhas, aventuras infantis, o seriado da Sandy e do Junior, programas dos Trapalhões e dos Teletubbies. Uma vez ao passear pela linda cidade de Caldas Novas, um daqueles trenzinhos que percorrem os pontos turísticos da cidade trazia dois personagens dos Teletubbies animando os passageiros, creio que o amarelo e o vermelho. Ou o azul e o roxo, eu sei lá. Meu pai trazia minha pequena menina no seu pescoço e mostrou para ela os “coelhinhos”. Ela respondeu que “não, vovô, aqueles eram os Teletubbies” deixando meu pai com cara de “Oi? Como?”. Foram-se os CDs do grupo Rouge com sua coreografia da musiquinha Ragatanga. Foram embora também os pôsteres do Nick Jonas e Jonas Brothers, já vão tarde. Também se foram vários CDs do Camp Rock, High School Music e mais alguns. Os joguinhos que antes eram jogados no videogame também estão indo embora. As melissinhas que antes vinham acompanhadas de uma bolsinha, agora foram transformadas em saltos de 15 centímetros. O notebook cor de rosa foi descartado faz algum tempo, mas ele é o computador mais moderno que temos em casa. Dei uma repaginada no dito cujo e coloquei uma capa azul de menino e utilizo no meu dia a dia para trabalhar. Ninguém percebe é claro. Minha menina cresceu. Estudou muito, se formou e entrou numa universidade antes de completar 18 anos. Minha menina cresceu. Foi-se o pôster enorme que estava no seu quarto, que a retratava no aniversário de 15 anos. Ela escolheu fazer uma festa de 15 anos para guardar para sempre na lembrança. É claro que o pai torcia fervorosamente para que a festa acontecesse, pois a valsa é o momento de glória para o pai tonto como eu. Minha menina cresceu. Foram-se as prateleiras do quarto, as bonecas e bichinhos de pelúcia que finalmente deixarão de acumular poeira. Foi embora o quadro magnético que mantinha as fotos das viagens, das amigas e das lembranças nas imagens imortalizadas nos imãs da Torre Eiffel, Big Ben, Las Vegas, Universal Studios, Cancun, Cambridge e muitas outras. Minha menina cresceu e as paredes do seu quarto em tons verdes claros serão trocadas agora por papel de parede a sua escolha. Semana passada chegou a casa com novo jogo de pratos e novos copos, repetindo um comportamento que tínhamos quando achávamos que as coisas de nossos pais eram velhas e fora de moda. Minha menina cresceu e agora a sua comida vem através de pedido pela internet, o seu transporte é feito com a utilização do Ubber e suas séries preferidas são assistidas em computadores sem precisar esperar por um novo episódio a cada semana. Minha menina cresceu. Cadê a chave do meu carro? Tava pensando aqui...

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Tavapensandoaqui quando fecho a porta do meu apartamento. (Crônica de um ano atrás, agora no livro #tavapensandoaqui)



 
E o sensor não me enxerga (Crônica de um ano atrás, agora no livro #tavapensandoaqui)

Eu saio pela porta da sala que fica no mesmo local onde fica a porta da cozinha. As portas ficam a 90 graus uma da outra e saem para o mesmo corredor. A da cozinha sai direto e reto para o corredor.
Meu olho mágico fica na porta da cozinha para eu poder enxergar todo o corredor. A porta da sala fica de frente para a parede do corredor. E o sensor de presença do corredor não sente a minha presença quando eu saio pela porta da sala, só sente a minha presença quando saio pela cozinha.
Quando saio pela sala tenho que andar uns três metros até o botão de chamada do elevador para o tonto do sensor de presença me perceber. Ando até o botão no escuro com a mão levantada e chacoalhando-a para o sensor acordar. Falta só eu dar um berro para o bicho despertar e me perceber.
Então eu espero o elevador. Todo elevador demora. A luz do corredor apaga antes da chegada do elevador. Levanto a mão e sacudo-a para acender a luz novamente. Se a luz apaga de novo eu balanço a cabeça e o corpo. Às vezes até rebolo quando estou com as mãos ocupadas mexendo no celular. Pouco é claro. Discretamente. Ninguém está vendo mesmo. Se o vizinho olhar pelo olho mágico, não vou ser descoberto, pois vai estar escuro e quando acender eu paro de rebolar. Sou esperto. Veja lá se vou deixar alguém saber que eu rebolo para me fazer presente no sensor de presença. Nem morta. Quer dizer, nem morto. O elevador chega. A porta abre e dentro tem uma senhorinha oriental pequenina com um cachorrinho bem grandinho. A lei do condomínio reza que os animais de estimação devem ser carregados pelos donos. Neste caso acho que o animal de estimação poderia carregar a dona. Aceno negativamente com um sorriso, indico que não vou entrar. Ela sorridente me convida, dizendo que o animal é mansinho. Concordo com um aceno positivo de cabeça e um sorriso, mas recuso a oferta e digo a ela que não tenho pressa.
Era mentira eu estava com pressa. Fecha-se a porta do elevador. Luz apaga e eu me sacudo de novo. É que eu decidi que não entro mais em elevador junto com nenhum animal de estimação. Preconceito? Medo? Frescura?
Pense o que você quiser. Mas eu penso que um elevador pode parar por falta de luz e ficar no escuro. Se tiver passageiros dentro e mais um animal de estimação creio que não poderá resultar em algo muito agradável.
Ainda mais se o animal de estimação não consegue ser carregado pelo dono ou dona. O animal transformar-se-á em uma fera quando acuado. Prefiro evitar.
Eu espero então o próximo elevador. Quer dizer, espero o mesmo elevador. Não tem outro, só tem este.
A luz do corredor apaga novamente. Que saco! Rebolo outra vez, estava com as mãos ocupadas. Tava pensando aqui...