Tavapensandoaqui na saudade
dos tempos da bola na rua. Tempos onde o Negão era nosso amigo de rua, o Balofo
ou Rolha de Poço era um sujeito engraçado que todos gostavam de zoar e do Cabeção
que era gente fina. Do Baiano que não era do nordeste, muito menos da Bahia e
mesmo assim era chamado de Baiano, do Mano, do Espinho, do Cerveja e do Pituca
que tinham nomes de batismo muito bonitos, mas era pelos apelidos que eram conhecidos
pelos colegas do bairro. Das peladas na rua que parava a cada automóvel que passava.
Da vizinha que não devolvia a bola. Dos dedos sem tampa ou sem unhas de tanto
chutar paralelepípedo ao invés da bola. Saudades da violeta genciana que deixava
as pernas toda colorida ao final de cada partida de futebol. Saudades do
mertiolate que ardia ao ser colocado nos esfolados dos joelhos e mesmo com a
pessoa assoprando ardia mais ainda. Já dizia minha falecida sogra “O que arde
cura, o que aperta segura!”. Saudade de jogar na chuva, de escorregar correndo
atrás da bola, de tomar bolada no rosto com a bola Dente de Leite. De colocar o
pior jogador da rua para catar no gol. De quebrar o lustre da garagem do prédio
com a bolada certeira no ângulo do gol formado pelos pilares. De chegar a casa
chorando com a boca sangrando pela briga de rua e ser repreendido pelo pai de
que se voltar para casa chorando de novo apanhava dele também. De comprar o
ki-chute para jogar nas quadras de cimento. De ter o tênis bamba branco novinho
pisado por todos os colegas do colégio. De andar de chinelos “havaianas” sem grife,
daqueles que não tinham cheiro nem soltavam as tiras. A moda era virar a sola
para cima e ter uma havaiana na cor preta ou azul. Aliás, me intriga o fato das
havaianas não soltarem as tiras e mesmo assim a gente conseguia colocar a sola
para cima e a parte que se pisava virada para o chão. Saudades de andar de
bicicleta e deixar as marcas dos pneus pela calçada. Dos carrinhos de rolimã
dos quais eu nunca achei graça, visto que morei em Santos e não tem ladeira na
cidade. Tínhamos de andar nos carrinhos com outros empurrando para ganhar
velocidade e eu achava menos graça ainda quando era eu quem tinha que empurrá-los.
Saudades de nos dias de chuva montar o tabuleiro do futebol de botão e
participar dos campeonatos com os colegas da rua. Cada um trazia seu time do
coração com goleiros feitos de caixas de fósforo personalizadas com papel
colorido e fita adesiva e botões feitos com as tampas dos relógios de pulso.
Além dos campeonatos de botão, jogos de tabuleiros eram muito usados na época,
jogos como War, Ludo, Dama, Xadrez, Detetive e Banco Imobiliário. Escutei outro
dia uma comparação genial utilizando o exemplo de um desses jogos, onde a
palestrante disse que ser famoso nas redes sociais é tão relevante quanto ser
rico no Banco Imobiliário, ou seja, não serve para coisa nenhuma. Para mim fez
sentido. Hoje a nova geração tem outros valores. Os tempos são outros, eu sei. Tava
pensando aqui...
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Um beijo do magro!
segunda-feira, 13 de março de 2017
quarta-feira, 8 de março de 2017
Tavapensandoaqui na compra de veículos usados
Tavapensandoaqui
na compra de veículos usados. Meus primeiros carros foram comprados com o
dinheiro suado do meu trabalho, meus pais nunca quiseram ter um carro e nem
poderiam tê-lo com a renda apertada que tínhamos. Juntei meus primeiros
dinheiros e os valores de um carro zero quilometragem eram inalcançáveis para o
meu poder aquisitivo, que nem me atrevo a chamar de poder, ficaria melhor se
chamasse de fraqueza aquisitiva. Parodiando uma amiga e adaptando a frase, era
o que tinha para ontem. Meu primeiro fusca 1962 comprado em 1979 tinha quatro
velas, duas apagadas. Andava normalmente, mas começou a andar normalmente melhor
quando acendi as quatro velas. Também fui proprietário de um Passat 1979 que
soltava aquela fumaça branca pelo escapamento, igual a fumaça que sai do
Vaticano na eleição do Papa. Não precisava trocar óleo, só precisava completar com
três litros a cada mil quilômetros. Recentemente adquiri uma Scooter usada do
ano de 2006. Modelo Neo, nome do personagem do filme preferido, Matrix. Eu precisava
de uma moto, pois o deslocamento em São Paulo com hora marcada é simplesmente
impossível se for feito de automóvel ou transporte público. Dois compromissos
meus se acumularam em um mesmo dia da semana e a solução que achei foi essa. Achei-a
num bairro quase na divisa de São Paulo com Cotia e a proprietária era cuidadosa
com o veículo, nunca sofreu acidente com ele.
Ao ligar o veículo para mostrar que tudo funcionava, a luz do painel que
indicava a conversão à esquerda não acendeu. Sem problema, as luzes das
laterais estavam normais. Comprei-a e logo ao encher o tanque, a tampa não
conseguia conter toda a gasolina e tive que providenciar uma nova. Esperei duas
semanas para receber a bendita tampa. Enquanto não chegava, andava com o tanque
de combustível abaixo da capacidade média. A chave do contato trancava o guidão,
agora não trava mais. Afundou alguma coisa e não fico mais com a moto travada.
Ninguém vai querer roubar mesmo, então não me preocupo com isso. Sempre fui a
favor de comprar veículos novos, para que esses pequenos detalhes não me aborrecessem.
Eu só consegui comprar carro zero após uns 12 anos trabalhando. A partir daí,
veículos zerinho ornaram minha garagem. A compra de usados sempre causa
surpresa. As rodas novinhas encobrem o problema de alinhamento, que é
descoberto quando os pneus começam a desgastar nas laterais. A pintura novinha
encobre batida não informada quando compramos o veículo. A parte elétrica pode
sempre causar alguma surpresa. A bateria nova esconde o problema de fuga de
corrente em algum canto não identificado do veiculo e de uma hora para a outra
você fica na mão com pane elétrica. Aliás, tenho andado com minha Scooter pelas
ruas de São Paulo e com minha boa pontaria acerto vários buracos. Já fiz
Motocross e isso me dá certa habilidade em manter o equilíbrio nessas
situações. E a luz interna do painel que indica a conversão à esquerda agora
está funcionando. Vai entender. Quem sabe um próximo buraco acerta o problema
da trava do guidão? Tava pensando aqui...
quarta-feira, 1 de março de 2017
Tavapensandoaqui nas coisas que fazem isso e aquilo
Tavapensandoaqui nas coisas que fazem isso e aquilo. Já reparou quantos produtos são anunciados que fazem isso e aquilo também? Esse assunto me chamou a atenção quando vi um produto que prometia lavar os meus cabelos “E” o meu corpo. Isso mesmo, shampoo e sabonete na mesma embalagem. Eu sou virginiano, sou prático e me vi diante de um sabonete-shampoo ou shampoo-sabonete. Eu conhecia shampoo “E” condicionador que facilita a vida dos homens que tem cabelos. Mulher prefere comprar separado. Tem shampoo que combate a caspa. Outro que não arde nos olhos. Fiquei confuso. Posso usar o shampoo-sabonete e depois o shampoo-condicionador? O cabelo vai passar duas vezes pelo shampoo. Ele vai dizer “Opa, já estou limpo, shampoo de novo?”. O produto que faz muitas coisas ao mesmo tempo é melhor que aquele que faz somente uma única coisa? Acho que as mulheres, durante o banho, preferem passar o sabonete que deixa sua pela limpa “E” perfumada, shampoo que limpa “E” mantém a cor dos cabelos pintados e depois passar o condicionador que amacia “E” dá brilho aos cabelos. E depois do banho elas passam um creme que hidrata a pele “E” causa uma sensação de frescor. Depois a mulher passa um creme nos pés que promete hidratar “E” retirar as células mortas deixando os pés suaves “E” delicados. Todo produto que faz uma coisa promete também fazer mais alguma coisa por você. Repare nas propagandas. Os publicitários adoram achar muitas qualidades nos produtos que anunciam. O creme dental combate as cáries “E” elimina as placas bacterianas. Outro deixa seu hálito refrescante “E” protege por 12 horas. Pergunto-me: quem fica sem comer por 12 horas? O desodorante protege contra a transpiração “E” protege por 48 horas. Pergunto-me novamente: para que serve proteção no sovaco por 48 horas? A pessoa não toma banho não? O protetor solar protege por até 5 horas “E” não sai na água. As lentes “lux alguma coisa”, escurecem quando estão ao sol “E” clareiam na escuridão. Sua visão fica clara “E” cristalina. O absorvente protege confortavelmente “E” deixa você usar calça branca. O amaciante de roupas deixa sua roupa macia “E” cheirosa. O sabão em pó remove as manchas “E” perfuma sua roupa. E então o que você acha melhor? Comprar alguma coisa que só atua de um jeito ou que além de fazer o que deve ser feito ainda faz mais por você? Lembro-me da história do pato, que faz várias coisas... tava pensando aqui...
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