Tavapensandoaqui que somos todos artistas. Representamos
nossos papéis todos os dias, todas as horas e em cada segundo que vivemos. O
artista não é apenas aquele que sobe ao palco para dizer o texto que foi tão
bem escrito e ensaiado. Somos pais e cumprimos nosso papel. Somos filhos e
somos netos. Somos padrinhos de casamento ou de um batizado. Nesse papel representamos
nossa dedicação ao casal ou ao sobrinho querido. E representamos com todo o
nosso afinco, com toda a verdade que temos em nossos corações. Na vida não
podemos errar quando entramos no palco. Nossa representação é real. Não podemos
voltar atrás e repetir a cena em que magoamos alguém com uma atitude mal
planejada ou uma palavra pronunciada num momento inadequado. Uma vez produzida
a cena, ela vai eternamente para o acervo da vida. Representamos estar felizes
quando vamos a um evento festivo, mas podemos ter em nosso íntimo uma questão
que nos fere a alma. Igual a um artista da novela. O público não quer ver a
tristeza e a angústia em nosso interior. Porém, somos humanos. Nem sempre
acertamos nas escolhas de nossos textos. Tem vezes que parecemos não combinar
com o papel que estamos representando. O público é exigente e percebe que
estamos representando uma farsa. Quando estamos fazendo um papel que não nos
agrada, nosso corpo apresenta sinais de desagrado. É uma dor de estômago, é um
amargo na boca, é um aperto no peito, é uma doença qualquer que nos avisa que
estamos fazendo as coisas de forma errada. Nem sempre percebemos a gravidade
desses sintomas e não temos o diretor de cena para nos orientar no caminho
certo da nossa representação. Portanto a decisão é sempre nossa. Fazer aquilo
que se gosta parece fácil para alguns privilegiados. Comparamos nossas vidas com
a vida daqueles que assistimos nas novelas e comparamos com as vidas das outras
pessoas que conhecemos. Esquecemos que somente a parte boa de tudo que acontece
nessas vidas é nos apresentado quando assistimos as cenas. Tudo o que ocorre
nos bastidores de nossas vidas não é visto pelo grande público. Conheci
recentemente a parábola do pato, que nadando serenamente no lago nos esconde as
suas patas freneticamente se movimentando embaixo da água. Em cima do lago tudo
parece sereno e calmo. Somente aqueles com o quais contamos na nossa intimidade
sabem quais os tropeços e arranhões que aconteceram nos bastidores das nossas
vidas. A produção da peça da nossa vida é muito difícil. Somos todos artistas e
nosso palco é a vida, a vida vivida aqui, agora, nesse momento e nesse minuto.
Sem ensaio. Pense em cada movimento que vai realizar nesse palco. Lembre-se que
a vida é uma só. Aproveite o que ela tem de melhor, dê a mão a quem quer
caminhar junto a você. Tava pensando aqui...
Sergio Nogueira
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