segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Tavapensandoaqui se me pusessem num hospício, por engano.

Tavapensandoaqui se me pusessem num hospício, por engano. Já pensou? Como poderia acontecer uma situação assim, tão maluca? Pode parecer enredo de novela, mas conheço um caso real. Uma vez uma amiga me contou que andava meio estranha, tinha problemas, se sentia sem energia, estava em estado depressivo e os parentes a levaram para uma clinica de tratamento psiquiátrico, dizendo a ela que era uma visita normal ao médico. Chegando lá, ela foi entrevistada e levada a conhecer as dependências da clínica e quando estavam lá dentro eles a pegaram e a internaram. Imagine você sendo levada para um quarto em uma clínica e gritando “Eu não sou louca, eu não sou louca, me soltem!”. Parece maluquice, mas não é. Enquanto você grita e esperneia, os atendentes te seguram e pensam “nossa, pegamos outra louca que não aceita que é maluca”. Coisa de doido, não é mesmo? Então se imagine em uma situação dessas e tente pensar em como se safar dela. Se não me engano tem filmes sobre isso. Você foi colocada em um quarto e foi obrigada a tomar um calmante. Nesse ponto, você apaga e acorda no dia seguinte. Ao seu lado um cara com a mão na barriga se apresenta dizendo ser Napoleão. Você retruca dizendo ser Monalisa, usando seu espírito brincalhão, o qual você descobrirá rapidamente não ser uma boa ideia utiliza-lo. Um atendente escuta sua brincadeira idiota e passa a dizer na clínica que você se acha a Monalisa. Pronto, você recebeu seu diploma de louca. Com louvor. Agora você é conhecida na clínica como a Monalisa, torcendo para não ter algum louco que se considera o Leonardo Da Vinci. Você percebe nesse momento o quanto é inconveniente fazer brincadeiras fora de hora. O enfermeiro passa com o remédio e você recusa-se a tomá-lo. É obrigada a tomar à força e esperneia, machucando um dos atendentes. É imobilizada na cama com as correias prendendo seus braços e pernas. Grita desesperadamente. De nada adianta. Só confirma sua loucura. Presa pelas correias pensa “caralho, fiz merda!”. Eles passam a considera-la perigosa. E você apaga sob os efeitos do remédio. Acorda com os enfermeiros colocando a comida e é solta, prometendo que vai se comportar. Em seguida pede para falar com o médico responsável. Eles a ignoram, você altera o tom de voz e eles te colocam novamente presa na cama, dando-lhe novamente o “sossega leão”. Você acorda e pensa em mudar de estratégia. Agora vai ser boazinha. Quando recebe a visita do enfermeiro derrete-se em sorrisos e simpatia. Eles retribuem a gentileza dos cumprimentos e colocam na sua ficha que você é bipolar. Você passa uns dias se comportando bem para atrair a simpatia de algum atendente, faz amizades com Napoleão, Dom Quixote, Joana D’Arc e Mulher Maravilha. Chega a perguntar a ela se é verdade o caso com o Super Man. Nesse ponto você começa a pensar que é louca. Mas com o passar dos dias consegue arrumar um jeito de fingir que engole a medicação e não a engole. Consegue ficar lúcida por alguns dias e tenta de todas as formas, falar com o médico responsável. É claro que não consegue, pois todo louco diz que não é louco. Descobre os dias das visitas do médico e se prepara para discursar sobre a sua sanidade no dia que ele vier. E agora? Como convencê-lo de que você é normal? Pede conselhos a Sócrates, Platão e Jung que estão por lá. Pensou em falar com Jesus, mas alguns dias atrás ele foi curado quando trouxeram uma cruz para crucificá-lo e ele gritava desesperadamente “eu não sou Jesus, eu não sou Jesus!”. Foi curado com um belo tratamento de choque. Voltando à história da minha amiga, chegou o dia da visita do médico e ela conseguiu convencê-lo sobre sua sanidade. Eu fiquei fascinado pela história dela, ao mesmo tempo em que me mantive a uma distância segura. Vai que... Tenho algumas amigas que não sairiam de lá de jeito nenhum. Tava pensando aqui...

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