Tavapensandoaqui no velório
de um amigo. “Aqueles que estão livres de pensamentos rancorosos certamente
encontram a paz”. Essa frase atribuída a Buda no facebook, onde li este
pensamento, retrata o dia vivido hoje nesse velório do amigo. Ele fez parte de um
grupo formado em 1977 com dez jovens comuns cursando os primeiros anos da
faculdade. Todos foram contratados depois de uma seleção feita com mais de quatrocentos
candidatos numa manhã de domingo de sol em Santos, para fazer estágio em um
grande CPD, que para os antigos é uma sigla conhecida, Centro de Processamento
de Dados. Para os jovens eu traduzo como a TI – Tecnologia da Informação. Esses
dez jovens fizeram o estágio com muita bagunça e também com muita competência.
A amizade que ficou depois de uns nove meses de estágio, mais ou menos, é quase
eterna, pois não perdemos o contato em nenhum momento. Estamos conectados até
hoje. Este ano comemoraremos quarenta anos de união, que será celebrada em
breve, sem a presença iluminada deste amigo que se foi. Sempre que conseguimos
fazer um encontro como no dia de hoje no velório dele, nós criamos uma energia forte
e desconhecida, conversamos como se o ultimo assunto tivesse sido conversado no
dia anterior. Todos criaram famílias e as famílias se conectaram ao grupo. Eu
não sei muito bem o que nos une, mas acredito que seja o amor. Amor à história
de vida que tivemos dentro de uma sala por quase nove meses, dividindo
angústias, dividindo alegrias, dividindo incertezas, compartilhando segredos. Essa
união forte gerou dois casamentos entre membros desta turma. Um dos amigos que
mais eram zoados era esse amigo que hoje se foi. Ele era chegado numa balada e
quando chegava ao serviço ele invariavelmente pegava no sono em algum momento
das aulas que eram dadas para ensinar programação de computadores. A fala dele
sempre foi mansa, sempre foi pausada. Tranquilo, calmo, inteligente, foi um bom
pai e bom homem. Coração enorme. Um ser que não negava ajudar ninguém. Mesmo
depois das armadilhas e chacotas que fazíamos com ele, sempre havia a risada
conjunta depois da zoeira. A capacidade de rir de si mesmo é uma das
características das pessoas acima da média. Nunca deve ter guardado rancor de
ninguém. A morte não é um final. É um início de um novo ciclo. Ele se foi no
momento certo. No momento que foi definido para ele. “Com ele, uma parte de mim
se foi”. A frase é de uma das pessoas do grupo. Também sinto assim. Brilhe no
céu, Arthur. Tava pensando aqui...
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
domingo, 22 de janeiro de 2017
Tavapensandoaqui no reality show
Tavapensandoaqui no reality show. Todo início de
ano começa o reality show mais visto e odiado na TV aberta do Brasil. Tem gente
chata que perde seu tempo reclamando (e postando nas redes sociais) dizendo que
quem assiste tem QI baixo, sendo que quem assiste não deve entender o
significado de QI. Não se ofenda com a brincadeira, é só para fazer piada,
assisto sempre que a TV da empregada está sintonizada no canal e pergunto quem
foi eliminado, sem nem saber se é homem ou mulher, se tem barba ou é careca. Veja
quantos deslizes no politicamente correto eu cometi até agora. Chamei de chato
a quem reclama, de burro a quem assiste, citei “empregada” que agora é
secretária do lar e terminei chamando alguém capilarmente prejudicado, de
careca. O “politicamente correto” é que é uma verdadeira chatice. Mesmo sem
assistir ao reality show eu sempre estou por dentro, basta ficar de olho nas
chamadas feitas nos intervalos comerciais ou nas capas das revistas nas bancas
(e claro, pesquisar na internet). Muitos se deram bem ao sair do programa, bons
artistas também foram revelados. Acho uma pretensão de quem reclama do conteúdo
desse reality show, achar que vai postar sua opinião sobre o programa e que
alguém vai se importar com isso, ou seja, tanto faz se é contra ou a favor, a
opinião de quem reclama não vai mudar a opinião de ninguém. Com tantas opções
de assistir o que gosta, para que reclamar do que o outro está assistindo?
Nesse caso, não seria o próprio reclamante a pessoa que está querendo cuidar da
vida alheia, dizendo o que ela deve assistir ou não assistir? Veja o lado bom
da coisa: enquanto a pessoa que gosta do programa assiste e comenta da vida dos
participantes, ela deixa a vida dos outros em paz e não vai comentar nada sobre
você que reclamou. Tantas opções mais cultas têm na TV aberta, mude de canal e
encontre concertos musicais, filmes velhos que podemos chamar de clássicos para
não ofender o politicamente correto, tem novelas de época, telejornais,
programas de variedades, programas vendendo jóia o dia inteiro, tem programas
religiosos em vários canais, programa esportivos repetindo o mesmo gol milhares
de vezes enquanto o comentarista discute se a bola pegou na mão ou foi a mão
que pegou na bola. Veja quantas opções o reclamante tem, somente citando a TV
aberta. Se for para a TV paga então, ele pode aprender que as enzimas se
reproduzem ficando uma “enzima” da outra. Pode obter informações sobre seres
extraterrestres visitando nosso planeta. Pode assistir curta metragem, programas
sobre pescarias, aprender culinária, desde fazer bolos ou cozinhar um
gafanhoto, em vinte canais pelo menos. Ver séries policiais incríveis,
comédias, drama, aventura, infantis, música, desfiles, lugares maravilhosos
para viajar, biografias de gente famosa. Se migrarmos para o que a internet
disponibiliza, não teremos mais restrição nenhuma de tema nem de hora para
assistir a qualquer coisa. Diante de tudo isso, para que perder tempo
reclamando e querendo meter o bedelho na vida de quem gosta de assistir ao reality
show? Quer cuidar da vida alheia, adote um gato que só aí tem 7 vidas para
serem cuidadas. Não é não? Ô chatice. Quem será que vai ganhar esse ano? Tava
pensando aqui...
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Tavapensandoaqui sobre sapatos
Tavapensandoaqui sobre
sapatos. Um dia desses uma amiga me perguntou se eu já havia escrito sobre eles.
O que eu vejo de interessante nos sapatos é que eles causam desejo e admiração.
Nos homens causam um tipo de desejo e nas mulheres outro. Ao falar sobre
sapatos o assunto pode logo ir para o lado do fetiche. Um homem gosta de ver
mulheres bem vestidas e bem calçadas, pois essa admiração o leva a pensar em
tirar toda a roupa dela, inclusive os sapatos. É contraditório esse sentimento
masculino, uma vez que o homem adora ver uma mulher vestida e pensa em tirar tudo
dela logo em seguida. Mas
essa avaliação eu deixo para os psicólogos que sabem decifrar as entranhas dos pensamentos
humanos, o que não se trata da minha especialidade. O que eu observei de interessante
é que entre as mulheres as conversas sobre sapatos são seguidas de
experimentações. Já presenciei muitas vezes uma amiga tirar o sapato que estava
usando para a outra experimentar. Eu nunca vi um amigo tirar o sapato para o
outro amigo experimentar. Nem entre os amigos do futebol. Nunca vi um amigo
tirando a chuteira para o outro amigo ver se era legal dar uns chutes com ela. Quando
um amigo traz a nova chuteira dourada usada por um jogador famoso, os outros
reparam e o assunto apenas é comentado no sentido de saber onde comprou e se é
confortável para jogar. E na semana seguinte nenhum amigo vai comprar uma
chuteira dourada para jogar. O homem usa o sapato ou a chuteira até terminar. Homem
detesta ficar tirando e colocando sapatos para experimentar. No século passado
a realeza usava saltos, como é o caso do salto Luiz XV, que não era usado pela
Luiza e sim pelo Luiz. Hoje em dia o salto é apenas para as mulheres. Na loja
de sapatos é muito engraçado ver a contradição entre uma mulher escolhendo sapatos
e um homem. Enquanto o homem tem pouca variedade de escolha e muitas vezes a
mulher dele é que acaba escolhendo, as mulheres precisam escolher entre
milhares de combinações. Eu entro em uma loja e peço para experimentar aquele
ali que vi na vitrine, apontando para o dito cujo. O vendedor desce com 8
caixas e eu nem deixo abrir, pergunto logo qual a caixa que tem o modelo e cor
que escolhi. Se ele insistir nos modelos que seriam variações, ameaço ir embora.
Essa atitude faz o atendente recuar e entender quem está no comando. Não perco
tempo. A relação entre sapato e mulher independe se ela tem pés bonitos ou não.
Nunca vi mulher ter vergonha dos pés, vejo-as tirando o sapato no restaurante,
no escritório, no parque e não tem censura nenhuma. Ver o homem fazer isso é
mais difícil. A mulher consegue ter joanetes e usar sandálias, ter calos e usar
chinelos, ter os dedos tortos ou as unhas esfareladas e não se intimidar em
calçar um sapato que deixam os pés à mostra. Tem mulher que não abandona salto
nem para ir à praia. A mulher tem facilidade em tirar fotos onde seus pés estão
em evidencia, já o homem não faz isso. Andar bem calçado é uma prova de
elegância, tanto para homens ou mulheres, pois o sapato completa o visual. Há
mulheres que reparam nos sapatos masculinos e tem admiração se o calçado tem
boa qualidade e se o homem teve bom gosto ao escolher seu sapato. Uma vez uma
amiga me disse que ela deixa os sapatos na porta, pois não quer levar para
dentro as impurezas da rua. Muita gente faz isso. Imaginei que ela ficava com a
sola dos pés sujas, o que não me agrada muito. E ela tinha um cachorro que ia
passear na rua e voltava para a casa sem deixar as patinhas na porta quando
voltava do passeio. Sei lá, cada um com sua mania. Tava pensando aqui...
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
Tavapensandoaqui na internet das coisas
Tavapensandoaqui na internet das coisas. Será a próxima
onda. É simples e fácil explicar. Você está no seu carro escutando uma musica e
você fala com a sua casa, dizendo que está chegando e que quer abrir a porta da
garagem. Desce do carro e sua aproximação da porta dianteira é percebida pela câmera
de segurança que reconhece seu rosto da mesma maneira que o Facebook reconhece
seus amigos quando você posta fotos da balada. Dentro da casa as luzes acenderiam
por onde você passasse e as portas abririam e fechariam sozinhas de acordo com
seu deslocamento. A privada automaticamente abriria e fecharia a tampa
(evitando broncas da esposa), o assento aqueceria para que você fizesse com
absoluto conforto os números um ou dois ou o “combo”, que são os dois juntos.
Aliás, você consegue fazer o número dois sem fazer o um? Deixa prá lá. A descarga
automática e o perfume floral ao final terminariam o serviço. Seria
interessante imaginar como seria comigo. Minha versão começa na hora de deitar
e eu falaria “quero dormir com temperatura ambiente agradável, me acorde às
sete da manhã com a música de relaxamento. Quinze minutos depois (afinal eu
passo pelo WC) quero meu café expresso, minhas torradas e ao mesmo tempo ligue
a televisão no jornal da manhã mantendo o volume baixo”. Em seguida diria
“quero saber como estará o tempo e quero sugestão de roupa para ir trabalhar”. Que
legal, gostei da experiência. Se eu falasse tudo isso para a minha mulher ela
não ia fazer nem metade. Continuei na minha fantasia cibernética me encantando
com a possibilidade desta nova tecnologia que vai integrar todos os aparelhos
eletrônicos da casa através da internet daqui a alguns anos, desde que a
internet não seja intermitente e tenha a velocidade do primeiro mundo e não a
velocidade que temos aqui. Imaginando mais um pouco eu diria “pelas oito da
manhã diga-me as condições de transito, ligue o carro e o rádio, trace um curso
para me levar ao trabalho”. Senti-me na ponte de comando da Nave Estelar do meu
seriado preferido onde um alienígena com orelhas pontudas era o personagem favorito.
Maravilhoso é sonhar, uma vez que na vida real a gente não consegue fazer a nossa
impressora imprimir e nem conseguimos configurar o repetidor de sinal do wi-fi
na nossa casa. Ainda assim nesse futuro próximo, as coisas poderiam dar errado,
porque o ser humano continua a ser uma peça destoante deste planejamento todo. Como
eu sempre digo, não subestime a capacidade do usuário. Pensei então que o despertador
me acordaria no horário marcado, mas com a musica relaxante tocando eu dormiria
de novo. Ao acordar me daria conta que perdi a hora, o café e torrada estariam frios,
não veria nenhuma das informações do tempo que pedi. Vestiria-me de qualquer
jeito passando frio ou calor e correria até o carro que estaria desligado sem
combustível, bateria arreada pelo radio que teria ficado ligado. Pensando dessa
forma, a conclusão que chego é que ainda teremos alguns anos pela frente até
que as coisas funcionem. Você também vai ter que ser a prova de falhas, pois
fazendo as coisas erradas o resultado sempre será diferente do resultado
esperado. Será que algum dia nós teremos esta experiência? Tava pensando
aqui...
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
Tavapensandoaqui que não tenho superstição
Tavapensandoaqui que não
tenho superstição. Quer dizer, quase. Por exemplo, se um velhinho de chapéu
passa ao lado do meu carro dirigindo o primeiro carro que ele comprou na vida
eu me afasto mais do que quando vejo um gato afro-descendente. Não passo por
debaixo de escadas por um motivo muito simples: alguém está lá em cima da
escada e alguma coisa poderá cair na minha cabeça. É uma questão de segurança. Existem
coisas que se atraem como os pólos opostos de um imã. A manteiga do pão é
atraída pelo chão. A camisa branca atrai o molho de tomate do macarrão à
bolonhesa. O nosso dedinho do pé é atraído pela quina da cama ou da mesa da
sala. Lavar o carro atrai chuva. Minha cabeça atrai portas de armários abertas
e pratos. Uma vez eu disputava uma guerra com minha irmã, os dois
entrincheirados nos lados opostos do sofá da sala, protegidos pelos braços do
dito cujo. Minha mãe e tias faziam saquinhos daqueles que a gente joga pra cima
e pega o que ficou no chão, jogo esse que não lembro o nome. Eu só sei que a
gente tinha uma quantidade razoável de munição das mais variadas cores, quer
dizer saquinhos, e usávamos de uma forma bem mais criativa do que o joguinho
aqui citado. Saquinhos voavam pelo ar atravessando o espaço que separava as
duas trincheiras e tentavam atingir o inimigo, ou seja, o irmão ou irmã. Várias
batalhas foram travadas inclusive com participação de primos e vizinhos, com
vencedores e perdedores, até que um maldito saquinho atingiu um prato na parede
(lembram daqueles pratos pintados que eram pendurados nas paredes das casas dos
nossos pais? Cafonas para burro e que faziam parte da cultura da época. Perdiam
para as andorinhas azuis de tamanhos diferentes que também decoravam paredes e era
mais horrorosa ainda, quem lembra? Bom, vamos continuar a história). O saquinho
atingiu o alvo e fez o inocente prato atingir minha cabeça. Choro e hospital
seguiram a história, precedidas de algumas palmadas nos dois exércitos. Por
outra feita a minha mãe resolveu pegar um prato na prateleira da cozinha (olha,
acabo de descobrir porque se chama prateleira, é porque armazena pratos!) no
momento em que almoçávamos, sendo que eu estava exatamente embaixo deste local
e o dito prato resolveu fugir das mãos da minha mãe para atingir minha testa. Para
mim o prato me atacou de forma planejada, ele tinha algo para resolver comigo. Choro
e hospital fizeram a continuidade da história, seguida de uma cicatriz que
mantenho com estima. Bato na madeira três vezes para não acontecer novamente e
fujo de lugares onde alguém resolve passar por cima de mim para pegar alguma
coisa, pois a atração será fatal. Entro com o pé direto no campo de futebol e
pego um pouco do gramado do campo para fazer o sinal da cruz. Hoje com os
campos sintéticos eu faço o sinal da cruz com aquelas borrachinhas preta mesmo,
acho que Jesus não vai se importar com a modernização dos tempos. Faço isso sem
nenhuma superstição, é que não quero parecer o cara diferente da turma. Voltando
ao início onde eu disse que sou quase um “sem superstição” vou falar da minha
única superstição, que é não comprar carro de uma determinada cor. Uma vez fui
a uma cartomante, claro que não acredito, fui para conhecer como é, e ela me
recebeu vestida com roupa colorida e um baita sapato vermelho de salto
altíssimo. Na conversa inicial sentado frente a frente antes da consulta, ela
me explicou que o sapato tem poder e que ela aponta o bico dele para a pessoa
que ela conversa para mostrar o poder dela (eu me desviei algumas vezes da
ponta do sapato durante a conversa, devo confessar). Fica a dica aqui para as
amigas leitoras, aponte o sapato para seus oponentes. Entre diversas coisas que
a mulher previu, acertou muito por sinal, ela me disse que a determinada cor
não combinava comigo. E a partir desta data, passei a evitar comprar o carro
com a cor que ela me disse. Essa é minha única superstição. Não tenho mais
nenhuma. E você? Tem alguma? Pula sete ondas? Usa peças de roupa íntima
colorida na virada do ano? Coloca folha de arruda na carteira? Usa pé de
coelho? Manda barco para Iemanjá? Tem moedinha da sorte? Tava pensando aqui...
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
Tavapensandoaqui em escrever sobre minhas amigas
Tavapensandoaqui em escrever sobre minhas amigas. É uma
ideia antiga que eu tive muito antes de começar a escrever as crônicas.
Enquanto eu fiquei pensando, descobri que outro escritor roubou minha ideia e escreveu
exatamente o livro que eu queria escrever. Escreveu sobre as amigas dele, não
sobre as minhas. É um jornalista, cronista e escritor experiente e que tem
outros livros escritos. Chegou a dar entrevistas nesses programas que
entrevistam as pessoas cara a cara (é claro que ele não ia dar entrevista em
novela, dãããã). O que eu quis dizer é que ele tem prestígio suficiente para
aparecer na televisão e divulgar sua obra, diferente de “euzinho aqui” que paga
para fazer um livro e que ainda batalha para conseguir a divulgação pelos meios
de comunicação. Voltando às amigas do outro escritor, que nem são tão
interessantes assim como as minhas, ele conta histórias singelas e bem
bobinhas, dizendo que uma delas carrega um vibrador nas viagens internacionais
e que às vezes o bichinho dispara na frente dos agentes da alfândega. Outra
costuma usar saltos altíssimos para ir até na praia. Tenho umas 18 amigas
assim. Outra tem coleção de sapatos, coisa bem comum nas minhas amigas também. Outra
descobriu que a bancada de cosméticos do marido era maior que a dela e hoje
isso é muito natural, eu mesmo tenho muito mais cremes que a minha mulher. Que
graça tem em contar histórias assim? Outra se apaixonou pelo colega de
trabalho. Quer coisa mais banal que isso? Coisas assim. Um livro muito sem
graça. Eu fiquei pensando que seria muito difícil escrever as histórias que
tenho juntado com minhas amigas. Por diversas vezes eu troco informações com
elas, confidências da vida pessoal, da vida familiar e do trabalho. Seria
impossível fazer um livro contando as histórias porque não teria como esconder
que a história é daquela pessoa. A cada história que eu contasse, teria que
obter a aprovação da pessoa e tenho quase certeza que vários trechos das
histórias seriam censurados. Seria a mesma coisa que escrever a biografia não
autorizada de alguma celebridade e tomar um processo pela frente para retirar
aquilo que foi escrito. Quando lancei meu livro escutei diversos comentários
das pessoas que me prestigiaram, falando que tinham também intenção de lançar
um livro. Os temas que me informaram eram variados, histórias infantis com
ilustrações, livros de histórias que aconteciam na família engraçada, romance,
histórias de ficção ou aventuras. Entre o ato de pensar e o ato de fazer existe
um caminho muito longo. Não é fácil escrever sobre algum acontecimento
engraçado ou uma gafe, sem deixar a pessoa que cometeu o ato sem jeito. Por
mais que se esconda o autor da façanha, o fato em si deve ter acontecido em
frente a testemunhas. Como falar do tio bêbado mijando no poste no caminho de
casa sem que a tia se sinta ofendida? Como contar que vomitaram no seu carro no
final de ano e que o cheiro continuou até o Natal seguinte, sem que a pessoa
que cometeu o ato se sinta mal em ter cometido tal feito? Por isso que não dá
mesmo para escrever sobre as minhas amigas, que pena. Mas acho que dá para
contar aquela da que esqueceu o filho na churrascaria... sei lá. Tava pensando
aqui...
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