quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Tavapensandoaqui no depoimento de um viciado em cosméticos

Tavapensandoaqui no depoimento de um viciado em cosméticos.

Vejam esse depoimento extraído de uma reunião dos Viciados Anônimos de Cosméticos – VIADCOS.
“Olá. Me chamo “S”. Faço programas e sou viciado. Estou neste grupo para curar meu vício. Tenho vergonha do que fiz e tinha vergonha de contar isso em público. Mas aqui me sinto mais à vontade depois de ouvir outros colegas com o mesmo problema. No início eu usava apenas o shampoo. Não ardia nos olhos. Era uma utilização inocente. Diária.
Depois comecei a usar condicionador. Era bom, nunca fez mal. Do condicionador que antes era usado apenas dentro de casa senti necessidade de usar fora, na academia, no futebol.
Depois precisei de coisa maior, senti a necessidade de sair a procura de novas emoções. Comecei a experimentar droga mais pesada. Um barbeiro usou algo diferente em mim. Perguntei o que era. Era um Reparador de Pontas.
Pirei. Comecei a procurar desesperadamente e era difícil encontrar. Eu achava cremes que ajudam no penteado, reduzem o frizz, dão brilho e realçam a tintura, mas o Reparador de Pontas era mais raro.
Comecei a procurar em locais menos famosos e consegui algumas doses. Desodorantes e perfumes começaram a fazer parte do meu “kit” e eram usados diariamente.
O vício começava a aumentar cada vez mais. Vagando por este universo, uma amiga sombria chamada ”ML” me propôs cuidar das sobrancelhas. Coisa braba. Isso é da pesada. Pinça, pente e escova para sobrancelhas e espelhos de bolso faziam parte das minhas despesas.
A loção após barba comum já não me satisfazia mais. Tive que procurar uma que além de loção pós-barba era protetor solar. Sabonetes líquidos com perfumes de ervas verdes passaram a fazer parte do meu dia.
Outra amiga mais soturna de nome “AB” me levou em um local obscuro e passei a consumir creme anti idade e vitamina “C” em volta dos olhos para combater as olheiras e descobri que também podem ser usados cremes à base de cafeína para o mesmo fim.
Todos esses cuidados me faziam sentir uns quinze minutos mais jovem. Neste ponto eu já estava precisando usar detergente para lavar o rosto e remover toda a gordura que ficava na cara.
Não contente com isso o meu corpo passou a pedir cuidados. Neste ponto começou minha decadência até chegar ao fundo do poço. Eram hidratantes corporais, esfoliantes para o corpo, cremes para os pés e mãos. Parecia que o poço não tinha mais fim. E eu continuava a afundar.
Aplicação de botox feita por um amigo deixou minhas emoções congeladas. Chorar ou sorrir não alteravam minha fisionomia. Neste ponto aconteceu o golpe de misericórdia.
Outra amiga mais sombria e soturna chamada “MC” me propôs usar protetor labial sabor menta um produto que me fez acordar de minha queda. A partir daquele momento acordei para a vida. Minha cor natural e minha essência voltaram à tona e falaram mais alto.
Decidi procurar ajuda. Afinal, protetor labial sabor menta não daria para suportar. Hoje estou limpo faz cinquenta dias. Uso somente sabão de côco”.
Fim do depoimento do cara. Chocante né? Comovente. Cheguei a chorar. O livro e o filme deste cara devem sair em breve.
Nota: isto é uma obra de ficção. Eu pesquisei para escrever. “S” não sou eu. Tava pensando aqui...

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Tavapensandoaqui no vulto que vejo pelo canto do olho enquanto eu faço o café

Tavapensandoaqui no vulto que vejo pelo canto do olho enquanto eu faço o café. Viro-me rápido e nada vejo. O fogo brando da boca do fogão a gás faz com que a água comece a produzir pequenas bolinhas no fundo da leiteira (ou fervedor). Pego a leiteira e despejo a água quente no centro do pó de café que está colocado no filtro reutilizável comprado no supermercado do bairro. As instruções dizem que o filtro aguenta a passagem de café por até cinco vezes, basta lavarmos e esperar secar. A água produz um buraco no centro do pó de café. Espero a passagem da água e olho atentamente ao meu redor procurando algo que não sei o que é. Estou sozinho na cozinha, família dorme. Tento fazer tudo em silêncio. Agora a leiteira apresenta pequenas borbulhas de água em seu fundo e começam lentamente a flutuar tentando alcançar o topo da água. Acho que estão se afogando e nadam para cima querendo sair. Eu pego a leiteira e derramo mais um pouco da água quente, agora pelas bordas do filtro reutilizável para que os movimentos de queda de barreiras do café façam a mistura do pó de forma automática. Enquanto faço isso o vulto mais uma vez me atormenta e para não fazer meleca na passagem do café eu não me viro. O vulto some. Viro-me novamente a procura de alguma coisa. Irrito-me. Penso que posso estar com algum problema na visão, com uma espécie de mancha na retina, sei lá. Agora a leiteira apresenta sinais de impaciência com o fogo queimando sua bunda e as borbulhas de água começam a crescer mais. Pego a leiteira e novamente despejo pelas laterais do filtro reutilizável para produzir nova queda de barreira e novamente provocar a mistura do pó para extrair o máximo do sabor do café. Enquanto espero a passagem da água pelo pó de café no filtro reutilizável eu sinto o aroma fresco e gostoso do café. E o vulto novamente se manifesta. Eu viro minha cabeça com a rapidez de um guerreiro Ninja e consigo alcançá-lo com minha visão. A água do café agora perde completamente o controle. Impaciente, a leiteira com sua bunda no fogo aquece ainda mais a água que cria bolhas enormes que espirram pelas laterais espalhando um pouco de respingos pelo fogão. Pego a leiteira com água mais uma vez para completar a operação enquanto já observo o vulto com o canto do olho. Enquanto a água faz sua última incursão pelas entranhas do pó de café, extraindo todo o potencial dele eu deixo a leiteira no fogão, desligo o fogo e me viro rapidamente olhando para o vulto que agora me aparece nitidamente. Eu coloco as minhas mãos em paralelo e fecho-as rapidamente em movimento de aplaudir levando-as encontro do incomodo vulto. PLAFT!  Bastou uma. Mosquitinho filho de uma mãe. Lavo minhas mãos. Despejo o café na xícara. Hum, o café ficou uma delícia. Servidos? Tava pensando aqui...

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Tavapensandoaqui nas repetições de situações cotidianas

Tavapensandoaqui nas repetições de situações cotidianas. Um amigo perguntou-me como escrevo as crônicas daqui deste espaço. Ele me disse que gosta muito de ler. Perguntou-me se demora escrever ou é assim direto. Contei pra ele que algumas acabam saindo bem rápido e outras eu acabo guardando e esperando uma oportunidade ou então um complemento que faça dar sentido àquilo que estou tentando passar nas crônicas. Ele então me contou que quando sai de casa encontra seu vizinho quase sempre, moram em casas bem próximas. Ele sai para o trabalho de madrugada e encontra o cara. Ele sai para comprar pão e encontra o cara. Ele volta do trabalho encontra o cara. Volta das festinhas da nossa família, que são muitas, encontra o cara. Até perguntei para ele se o cara trabalhava com ele, né, vai que ele não tenha percebido, mas ele disse que não. E ele me perguntou se esta situação não renderia uma crônica para eu escrever nos meus pensamentos do #tavapensandoaqui. Eu falei que não, pois eu não via como escrever sobre um assunto assim. Como é que eu poderia escrever uma situação destas e transformar em crônica? Se ainda fosse assim algo diferente como acontecem quase todos os dias comigo quando eu passo por uma árvore inclinada na quadra seguinte onde eu moro, até que poderia render uma crônica. Quando vou trabalhar eu viro a esquina da minha casa para ir em direção ao Metrô e tem um prédio com uma grande árvore em sua frente. A árvore fica inclinada na direção do prédio e fica um espaço estreito para se passar pelo local com a cabeça erguida. Para passarem duas pessoas a pessoa menor tem que passar do lado da árvore e abaixar a cabeça. E não é que toda a vez que viro a esquina e me deparo com esta passagem pela frente do prédio tem pessoas vindo pela direção oposta e eu tenho que esperar elas passarem para eu poder passar? Aconteceu isso hoje, onde um casal (cara alto, mulher baixinha) passou primeiro enquanto eu esperei para passar. Não dá pra contornar pela rua pois estacionam carros. E o mais impressionante é que depois de passar a árvore nunca tem mais ninguém. As pessoas sempre estão passando pela árvore no mesmo tempo que eu. Não é estranho? Mas uma situação assim tão simples de encontrar o mesmo vizinho sempre que ele sai de casa ou volta não vai render uma crônica não. Como é que vou escrever um negócio destes? Acho que é raro acontecer esses eventos nas vidas das pessoas. Né não? E você? Consegue identificar situações repetidas no seu caminho diário? Tava pensando aqui...

sábado, 12 de setembro de 2015

Tavapensandoaqui FORA SÃO PEDRO! Impeachment já!

Tavapensandoaqui FORA SÃO PEDRO! Impeachment já! Esta gestão de São Pedro está muito ruim. Veja o que ele fez no Brasil este ano que passou, com clara intenção de prejudicar o governo da Dilma do PT: ele racionou nossas chuvas, ele mandou chuva demais inundando um monte de lugares (tá certo que esse povinho sem educação entupiu um monte de bueiros com lixo jogado na rua, mas esse povinho não tem culpa, a culpa foi da chuva que ele mandou). Fez chover na cidade (onde não precisa) deixou de mandar chuva para o rio São Francisco em clara represália a esse santo do partido oposto. Ele paralisou o trânsito diversas vezes com chuvas torrenciais nos horários de pico e depois de um monte de tempo sem chuva ele ainda faz a sacanagem de mandar chuva nos finais de semana! Caraca mano! Chove no sábado e no domingo quando as pessoas querem relaxar e sair para passear. Chove nos feriados prolongados quando as pessoas que trabalham passam meses programando o feriadão. Uma vez eu perdi um feriadão de Carnaval em Serra Negra no Vale do Sol (ô ironia, o Vale do Sol não tinha sol) pois choveu os 4 dias sem parar. No carnaval de São Paulo então nem se fala, chove todo ano! Está claro o envolvimento de propina neste caso, com a participação de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro e se for comprovado o envolvimento dos Santos que atuam na Bahia, vai ser uma festa. Também existe um desfavorecimento claro de chuvas para o Nordeste, com envolvimento de forças ocultas das elites e dos coxinhas. Chuva tem que ser nos mananciais e nas florestas, aqui na cidade tem que ser uma chuva de vez em quando, nas madrugadas, para limpar um pouco o ar e mais nada. FORA SÃO PEDRO. São Pedro deve ter as suas diferenças políticas com São Paulo, só pode ser. FORA SÃO PEDRO.  Vamos trazer novas idéias para o ministério da chuva. Não acho que trazer São Jorge para o lugar de São Pedro seja uma boa idéia, visto que poderá haver algum favorecimento para os jogos do Corinthians. São Paulo para o ministério da chuva então nem pensar, pois ele vai mandar chuva nos jogos do Corinthians! São João talvez seja um bom nome, ele gosta das festas do nordeste e pode ser que ele dê uma força pro pessoal que votou no PT. Mas São João poderá tomar medidas de favorecimento para esse pessoal e poderá prejudicar o povo aqui das elites. De repente podemos pensar em Santo Expedito, Santa Bárbara, Santo Antonio, Santa Isabel, mas esses fazem parte de partidos menores talvez não contem com o apoio popular. Quem sabe o João Paulo II, que acabou de virar santo possa assumir com sangue novo, novas idéias! Mas o que importa é que temos que tirar São Pedro. FORA SÃO PEDRO! Tava pensando aqui...

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Tavapensandoaqui nas fotos antigas

Tavapensandoaqui nas fotos antigas.

Você que tem por volta de 30 anos também vai pensar que estou falando das suas fotos antigas. Não. Estou falando de fotos mais velhas do que você. Século passado. E nem vou falar da época em que as máquinas fotográficas eram colocadas na sua barriga e você olhava para baixo para enxergar e fazer o foco.
Vou falar das fotos tiradas com as máquinas que você colocava o olho no quadradinho em cima dela e fechava o outro olho. Não tinha tela de LED nas máquinas antigas. E falo das fotos coloridas, apesar de haver opção de filme P&B que era mais barato.
Nesta época dos anos 70 e mais precisamente ao que eu quero me referir dos anos 80 eu já tinha mais de 20 anos e várias viagens que fiz foram fotografadas por uma máquina dessas. Ela fazia foco automático e tinha flash.
Os filmes para estas máquinas tinham a sua graduação medida em ASA e não em Pixels. Os filmes tinham 12 poses, 24 ou então 36. Você mais novinho vai me perguntar “oi”? Sim, eles tinham esta medida e você ia tirando foto e controlando pelo contador de fotos.
Nem vou lembrar aqui das vezes em que comprávamos filme ASA 400 e não regulávamos a máquina para este filme, perdendo todas as fotos tiradas na viagem. Também nem quero lembrar-me das vezes que a máquina era aberta e o filme não havia sido enrolado (queimavam todas as fotos também).
Muitas vezes você fazia uma viagem com um filme de 36 poses e como ainda faltavam fotos para ser tirada você não revelava o filme.
Você esperava chegar o aniversário da tia para gastar as fotos restantes e depois colocar o filme para revelar. Sua viagem foi em fevereiro no carnaval e sua tia fazia aniversário no dia da criança (12 de outubro). Era assim sim. Por quê?
Era caro, custava muito. Tinha um pouco de burrice também nesta atitude, vamos admitir. Eu demorei a pensar assim e também guardei muito filme para gastar todas as fotos. Era só revelar as fotos tiradas e pagar apenas as que saíram, uma vez que o preço do filme não era assim tão absurdo. Por que abordei este tema?
Não era para falar dos filmes nem das máquinas fotográficas. Era para falar das poses das fotos. Revendo álbuns antigos, vi que nos comportávamos da seguinte maneira ao tirar a foto em frente da catedral da cidade. A gente se posicionava num ponto da praça (toda catedral fica na praça) onde a máquina conseguiria colocar a catedral inteira na foto.
Então você falava: “espera aí, eu quero sair na foto” e corria até chegar à porta da catedral onde achava que alguém ia conseguir enxergá-lo quando olhasse a foto revelada. O pior é que a outra pessoa tirava a foto, apesar de enxergar você como um pontinho na porta da catedral.
Aí você revelava a foto (sendo que várias fotos foram batidas desta forma, com você parecendo um pontinho) e mostrava para todo mundo dizendo que a catedral era linda e todos te enxergavam lá na porta. Pior do pior ainda é ver esta mesma foto hoje. Você pega a foto. Tamanho 9 x 12cm (10 x 15cm era mais caro para revelar). Você olha a foto hoje e ela está meio sem foco e amarelada. Vê a catedral. Vê um ponto na porta. Não consegue enxergar direito e teima em não buscar os óculos. Lembra que você esteve lá.
Mas acaba em dúvida se era você na porta da catedral ou era seu acompanhante.
Hoje, nos tempos da “selfie” é tudo tão mais fácil, a nossa cara aparece em primeiro plano em todas as fotos. Acho muito melhor.
E você? Que tal buscar seu álbum de fotos? Ou os slides? Ou aqueles binóculos pequenininhos que você olhava com um olho só contra a luz? Tava pensando aqui...

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Tavapensandoaqui no Piragibe e a rádio Dimensão

Tavapensandoaqui no Piragibe e a rádio Dimensão. Estava eu no chuveiro pensando em alguma forma de encaixar uma piada em um dos meus textos. A história veio se desenhando e era assim: um locutor de rádio de uma pequena cidade tinha um programa onde conversava com os ouvintes e ele decidiu ganhar dinheiro junto ao comércio da cidade. O locutor era conhecido e combinou com os comerciantes através da associação comercial, que durante o programa ele poderia encaixar o nome dos estabelecimentos comerciais da cidade na conversa. Em cada encaixe ele poderia falar o nome da loja, falar o seu slogan e ao final do mês ele recolheria o valor referente ao merchandising junto aos comerciantes. Acordo firmado ele começou a falar com os ouvintes e no meio da conversa ele encaixava e loja que poderia corresponder ao assunto em questão. O ouvinte falava que estava com uma tristeza que cortava a sua carne e o locutor encaixava “se o seu problema é com o corte na carne vá ao açougue Boi Feliz que tem o corte da carne que lhe condiz”. Brigou com a namorada e quer reatar o namoro? “Vá a Floricultura da Florisbela e leve um buquê para ela”. Até que um ouvinte citou a sogra numa conversa. O locutor emendou que a sogra do ouvinte devia ser uma megera. O ouvinte retrucou que não, que sua sogra era uma jóia. O locutor não teve dúvidas e emendou: “Se sua sogra é uma jóia, nós temos a caixinha na funerária do Japinha”. Onde entra o Piragibe neste papo? Piragibe era uma figura. Um amigo dos tempos do meu estágio. Muitos aqui se lembrarão dele. Nos primeiros dias do estágio na COSIPA o Piragibe entrou na sala de aula com uma Bíblia na mão dizendo que era o pastor e que iria nos ensinar o evangelho. A profissão de programador era muito dura e ele ia ensinar aos 10 estagiários tontos a cuidar da alma. Demoramos um pouco para sacar a pegadinha e depois desta ficamos em disputa corpo a corpo com nossos instrutores do estágio. Eles aprontavam conosco e nós dávamos o troco. As histórias desta época renderiam um livro. O que pouca gente sabe é que fundei com ele a minha primeira sociedade. Piragibe era um palhaço. Não entendo até hoje como um cara sério como eu fez sociedade com ele. Criamos a Rádio Dimensão S.A., na cidade de Cubatão. Minha primeira empresa e minha primeira investida na área empresarial. A empresa tinha até um slogan: “Rádio Dimensão, falando para Cubatão e cochichando para o mundo”. Isso era porque nossa antena deveria cobrir uma parte da via Anchieta e quem sintonizasse a rádio ia ouvir até começar a subir a serra e depois o sinal iria sumindo. Talvez pegasse em Santos com um sinal bem baixinho. Piragibe tinha contatos políticos em Cuba (tão) e tentamos conseguir a licença para operar. Não conseguimos e fechamos nossa empresa. Sei lá porque me lembrei desta história. Mas a lembrança me deixou feliz. Acho que o Piragibe também ficou feliz. Tanto que a escrevi e resolvi publicar imediatamente. Algumas crônicas saem assim, diretas. Sem cortes. Sem censura. Tava pensando aqui...

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Tavapensandoaqui que a velhice acalma a alma

Tavapensandoaqui que a velhice acalma a alma. Enquanto jovens somos impacientes e impulsivos. Quando a idade vai avançando nos tornamos mais tolerantes e conseguimos ver as coisas acontecendo sem maiores preocupações. Um cliente que eu atendi já faz algum tempo estava na melhor idade e escreveu um livro. Vi o livro sobre a mesa de trabalho dele e ele estava feliz pelo lançamento. Ele já tinha filhos e tinha um sítio onde passava os finais de semana. Deduzi pela minha lógica de programador de computadores que se ele tinha um sítio ele também tinha plantado uma árvore e desta forma o trio de coisas para se realizar na vida estava completo para ele. Ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro são as realizações que temos que fazer nesta vida. Acho que não necessariamente nesta ordem. E não sei quem inventou isso. Pensei comigo que se aquele pé de feijão que plantamos no algodão dentro do copinho valer como “árvore” eu estou quase pronto faltando só escrever um livro. Pé de feijão vira uma baita árvore. Pelo menos foi isso que aprendi lendo “João e o pé de feijão”. Continuando a lógica, se essas crônicas valerem como “livro” então fechei o meu ciclo. Nessa época que conversei com ele eu era o jovem impaciente e impulsivo. Ele era um sábio senhor e me deu um exemplo de como ele se comportava frente à vida. Deu-me o exemplo de uma viagem que fez com o seu filho dirigindo. Disse que antes ele tomava as rédeas da viagem e queria saber tudo. Ele me disse que havia mudado e agora fazia questão de sentar no banco traseiro e apenas olhar a paisagem. Aonde vai o carro, como vai, por onde vai, quando vai chegar, se tem combustível suficiente, se o pneu tá vazio, onde parar para abastecer, comer, eram preocupações que ele não tinha mais. Ele sentava-se e via a estrada e o tempo passar calmamente, sem preocupação. Será que a vida da gente é para ser assim vivida desta forma? Será essa a mudança que vai nos trazer a sabedoria e vai nos trazer a tão sonhada felicidade?  Mas o tema deste pensamento é sobre a velhice. Entendo que sou ainda muito jovem. Preocupo-me ainda com os meus pneus, com o pedágio, com o combustível embora na última viagem de volta a SP eu tenha ficado sem combustível no planalto e tive que sair em São Bernardo em plena Imigrantes às 23:30h para achar um posto e completar o tanque (esse esquecimento é sinal de velhice eu acho). Eu descrevo o trajeto para o taxista fazer. No geral muita coisa ainda me incomoda tais como jovens se levantando para me dar lugar (outro sinal de velhice?). Irritam-me os cachorros latindo de madrugada assim como os feirantes montando suas barracas de madrugada assim que os cachorros param de latir. Irrita-me aguardar o sinal de pedestre ficar verde, trânsito congestionado, ciclovia mal planejada, redução de velocidade nas marginais, Avenida Paulista fechada para os carros aos domingos, veículo em fila dupla, motoqueiros furando semáforos, desemprego, impostos, corrupção, falta de segurança, salário baixo, passeatas diárias protestando contra coisa nenhuma, desperdício de água e energia, inflação. Já falei motoqueiros? Acho que não estou velho não eu continuo impaciente. Mas agora me lembrei que existem velhos ranzinzas que reclamam de tudo. Xiii, tava pensando aqui...