Tavapensandoaqui no Piragibe e a rádio Dimensão. Estava eu
no chuveiro pensando em alguma forma de encaixar uma piada em um dos meus
textos. A história veio se desenhando e era assim: um locutor de rádio de uma
pequena cidade tinha um programa onde conversava com os ouvintes e ele decidiu
ganhar dinheiro junto ao comércio da cidade. O locutor era conhecido e combinou
com os comerciantes através da associação comercial, que durante o programa ele
poderia encaixar o nome dos estabelecimentos comerciais da cidade na conversa.
Em cada encaixe ele poderia falar o nome da loja, falar o seu slogan e ao final
do mês ele recolheria o valor referente ao merchandising junto aos
comerciantes. Acordo firmado ele começou a falar com os ouvintes e no meio da
conversa ele encaixava e loja que poderia corresponder ao assunto em questão. O ouvinte
falava que estava com uma tristeza que cortava a sua carne e o locutor
encaixava “se o seu problema é com o corte na carne vá ao açougue Boi Feliz que
tem o corte da carne que lhe condiz”. Brigou com a namorada e quer reatar o
namoro? “Vá a Floricultura da Florisbela e leve um buquê para ela”. Até que um
ouvinte citou a sogra numa conversa. O locutor emendou que a sogra do ouvinte
devia ser uma megera. O ouvinte retrucou que não, que sua sogra era uma jóia. O
locutor não teve dúvidas e emendou: “Se sua sogra é uma jóia, nós temos a
caixinha na funerária do Japinha”. Onde entra o Piragibe neste papo? Piragibe
era uma figura. Um amigo dos tempos do meu estágio. Muitos aqui se lembrarão
dele. Nos primeiros dias do estágio na COSIPA o Piragibe entrou na sala de aula
com uma Bíblia na mão dizendo que era o pastor e que iria nos ensinar o
evangelho. A profissão de programador era muito dura e ele ia ensinar aos 10
estagiários tontos a cuidar da alma. Demoramos um pouco para sacar a pegadinha
e depois desta ficamos em disputa corpo a corpo com nossos instrutores do
estágio. Eles aprontavam conosco e nós dávamos o troco. As histórias desta
época renderiam um livro. O que pouca gente sabe é que fundei com ele a minha
primeira sociedade. Piragibe era um palhaço. Não entendo até hoje como um cara
sério como eu fez sociedade com ele. Criamos a Rádio Dimensão S.A., na cidade
de Cubatão. Minha primeira empresa e minha primeira investida na área
empresarial. A empresa tinha até um slogan: “Rádio Dimensão, falando para
Cubatão e cochichando para o mundo”. Isso era porque nossa antena deveria
cobrir uma parte da via Anchieta e quem sintonizasse a rádio ia ouvir até
começar a subir a serra e depois o sinal iria sumindo. Talvez pegasse em Santos
com um sinal bem baixinho. Piragibe tinha contatos políticos em Cuba (tão) e
tentamos conseguir a licença para operar. Não conseguimos e fechamos nossa
empresa. Sei lá porque me lembrei desta história. Mas a lembrança me deixou
feliz. Acho que o Piragibe também ficou feliz. Tanto que a escrevi e resolvi
publicar imediatamente. Algumas crônicas saem assim, diretas. Sem cortes. Sem
censura. Tava pensando aqui...
Nenhum comentário:
Postar um comentário