quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Tavapensandoaqui no vulto que vejo pelo canto do olho enquanto eu faço o café

Tavapensandoaqui no vulto que vejo pelo canto do olho enquanto eu faço o café. Viro-me rápido e nada vejo. O fogo brando da boca do fogão a gás faz com que a água comece a produzir pequenas bolinhas no fundo da leiteira (ou fervedor). Pego a leiteira e despejo a água quente no centro do pó de café que está colocado no filtro reutilizável comprado no supermercado do bairro. As instruções dizem que o filtro aguenta a passagem de café por até cinco vezes, basta lavarmos e esperar secar. A água produz um buraco no centro do pó de café. Espero a passagem da água e olho atentamente ao meu redor procurando algo que não sei o que é. Estou sozinho na cozinha, família dorme. Tento fazer tudo em silêncio. Agora a leiteira apresenta pequenas borbulhas de água em seu fundo e começam lentamente a flutuar tentando alcançar o topo da água. Acho que estão se afogando e nadam para cima querendo sair. Eu pego a leiteira e derramo mais um pouco da água quente, agora pelas bordas do filtro reutilizável para que os movimentos de queda de barreiras do café façam a mistura do pó de forma automática. Enquanto faço isso o vulto mais uma vez me atormenta e para não fazer meleca na passagem do café eu não me viro. O vulto some. Viro-me novamente a procura de alguma coisa. Irrito-me. Penso que posso estar com algum problema na visão, com uma espécie de mancha na retina, sei lá. Agora a leiteira apresenta sinais de impaciência com o fogo queimando sua bunda e as borbulhas de água começam a crescer mais. Pego a leiteira e novamente despejo pelas laterais do filtro reutilizável para produzir nova queda de barreira e novamente provocar a mistura do pó para extrair o máximo do sabor do café. Enquanto espero a passagem da água pelo pó de café no filtro reutilizável eu sinto o aroma fresco e gostoso do café. E o vulto novamente se manifesta. Eu viro minha cabeça com a rapidez de um guerreiro Ninja e consigo alcançá-lo com minha visão. A água do café agora perde completamente o controle. Impaciente, a leiteira com sua bunda no fogo aquece ainda mais a água que cria bolhas enormes que espirram pelas laterais espalhando um pouco de respingos pelo fogão. Pego a leiteira com água mais uma vez para completar a operação enquanto já observo o vulto com o canto do olho. Enquanto a água faz sua última incursão pelas entranhas do pó de café, extraindo todo o potencial dele eu deixo a leiteira no fogão, desligo o fogo e me viro rapidamente olhando para o vulto que agora me aparece nitidamente. Eu coloco as minhas mãos em paralelo e fecho-as rapidamente em movimento de aplaudir levando-as encontro do incomodo vulto. PLAFT!  Bastou uma. Mosquitinho filho de uma mãe. Lavo minhas mãos. Despejo o café na xícara. Hum, o café ficou uma delícia. Servidos? Tava pensando aqui...

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