segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Tavapensandoaqui no velório de um amigo

Tavapensandoaqui no velório de um amigo. “Aqueles que estão livres de pensamentos rancorosos certamente encontram a paz”. Essa frase atribuída a Buda no facebook, onde li este pensamento, retrata o dia vivido hoje nesse velório do amigo. Ele fez parte de um grupo formado em 1977 com dez jovens comuns cursando os primeiros anos da faculdade. Todos foram contratados depois de uma seleção feita com mais de quatrocentos candidatos numa manhã de domingo de sol em Santos, para fazer estágio em um grande CPD, que para os antigos é uma sigla conhecida, Centro de Processamento de Dados. Para os jovens eu traduzo como a TI – Tecnologia da Informação. Esses dez jovens fizeram o estágio com muita bagunça e também com muita competência. A amizade que ficou depois de uns nove meses de estágio, mais ou menos, é quase eterna, pois não perdemos o contato em nenhum momento. Estamos conectados até hoje. Este ano comemoraremos quarenta anos de união, que será celebrada em breve, sem a presença iluminada deste amigo que se foi. Sempre que conseguimos fazer um encontro como no dia de hoje no velório dele, nós criamos uma energia forte e desconhecida, conversamos como se o ultimo assunto tivesse sido conversado no dia anterior. Todos criaram famílias e as famílias se conectaram ao grupo. Eu não sei muito bem o que nos une, mas acredito que seja o amor. Amor à história de vida que tivemos dentro de uma sala por quase nove meses, dividindo angústias, dividindo alegrias, dividindo incertezas, compartilhando segredos. Essa união forte gerou dois casamentos entre membros desta turma. Um dos amigos que mais eram zoados era esse amigo que hoje se foi. Ele era chegado numa balada e quando chegava ao serviço ele invariavelmente pegava no sono em algum momento das aulas que eram dadas para ensinar programação de computadores. A fala dele sempre foi mansa, sempre foi pausada. Tranquilo, calmo, inteligente, foi um bom pai e bom homem. Coração enorme. Um ser que não negava ajudar ninguém. Mesmo depois das armadilhas e chacotas que fazíamos com ele, sempre havia a risada conjunta depois da zoeira. A capacidade de rir de si mesmo é uma das características das pessoas acima da média. Nunca deve ter guardado rancor de ninguém. A morte não é um final. É um início de um novo ciclo. Ele se foi no momento certo. No momento que foi definido para ele. “Com ele, uma parte de mim se foi”. A frase é de uma das pessoas do grupo. Também sinto assim. Brilhe no céu, Arthur. Tava pensando aqui...

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