Tavapensandoaqui nas
receitas para eliminar o estresse. As reportagens da TV que falam sobre o
estresse são, no mínimo, estressantes. Na TV, tudo parece fácil, como se um
sujeito estressado tivesse paciência para fazer tudo àquilo que eles dizem. Cheguei
hoje em minha casa e pensei “estou estressado e acho que preciso desestressar
conforme aquela reportagem que vi na TV”. Comecei a procurar um incenso ou uma
vela aromática. Não tenho nada aromático em casa. Estresso-me
mais, sinto-me um tonto por não ter em casa algum “troço” aromático, que é algo
que todo mundo tem. Resolvo borrifar desodorante pela casa para deixar um
cheirinho. Vamos para o próximo item, afinal estou estressado e preciso
relaxar. Penso “eu preciso aquecer algumas toalhas iguais aquelas de
restaurante japonês, como disse a reportagem”. Lembro que não tenho também. Vou
usar uma toalha de rosto mesmo. Começo a pensar em fazer uma lista de compras, porque
já vejo que vão faltar muitos itens de primeira necessidade que não tenho em casa. Procuro um
bloco de anotações. Não encontro. Onde coloquei aquele bloco que ganhei de
brinde no ultimo evento gratuito que participei só para comer e beber de graça?
Desisto. Deixo água aquecendo para fazer chá. Agora preciso encher um balde com
água quente em 40 graus Celsius até a altura que caiba minha panturrilha quando
enfiar os pés dentro para relaxar. O balde que tenho é de plástico, não dá para
colocar no fogo. Vou até a área de serviço e o balde está repleto de panos de
chão que estão de molho no sabão em pó. Esvazio o balde jogando os panos no tanque.
Dirijo-me ao banheiro com o balde e ligo o chuveiro na temperatura máxima.
Coloco o balde no chão e vejo que metade da água cai fora. Tiro o chinelo, entro
no Box e levanto o balde até a altura de onde sai a água, molhando os pés. A
água quente espirra na camisa, no cabelo e rosto. Coloco o balde no chão, vejo
que a água está cheia de espuma do sabão em pó que não saiu direito quando
esvaziei o balde. Deixo assim, não quero desperdiçar água e vai ajudar a lavar
os pés. Pego uma toalha de rosto e mergulho no balde, torcendo-a para deixá-la quente
como as toalhas de restaurante japonês. Onde vou sentar para colocar as pernas
dentro do balde? Na privada, logo pensei. Lembrei-me que a tampa é de plástico,
melhor sentar na cadeira da sala. Afinal tomar chá no banheiro também não é
legal. Levo o balde e toalha molhada até a sala e vejo que o balde está molhado
e vai molhar o chão de madeira. Prossigo com o balde cheio e toalha molhada até
a área de serviço para pegar um pano. Todos estão no tanque, molhados. Vou até
o banheiro e pego uma toalha de banho seca. Estendo no chão da sala. A água do
chá está fervendo. No armário da cozinha procuro algum chá que sei que um dia
comprei. Chá mate. Sim, sinto vontade de matar alguém. Coloco o saquinho de chá
na caneca que eu trouxe de lembrança quando fui ao Embu. Pego o balde e a
toalha molhada e levo para a sala. Volto e pego o chá, levando para a mesa de
jantar ao lado da cadeira onde vou sentar para colocar os pés e pernas dentro
do balde. A toalha de rosto agora está molhada e fria. Sento na cadeira e
coloco os pés no balde de água e vejo que ela já está quase fria também. O que
é mesmo que devo fazer com a toalha de rosto molhada? Sei lá. Tomo um gole de
chá, queimo os lábios, a língua e o céu da boca. Nossa! Não é que funciona? Agora
estou calmo, calmo. Tava pensando aqui...
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