Tavapensandoaqui
na minha primeira trilha de Bike. Trabalhava com amigos que curtiam esportes de
uma forma geral. Essa turminha programava passeio de bike toda semana. Viviam
me convidando uma vez que eu pratico esporte regularmente e eu vivia recusando
polidamente, porque eu sei que o exercício de pedalar exige uma musculatura da
perna diferente da usada nos esportes que eu praticava (futebol, tênis e squash
na época). Eu pratiquei MotoCross num passado distante, portanto não era por
causa de falta de equilíbrio nem de receio de enfrentar trilhas que eu recusava
os amáveis convites. Um dia me convidaram para pedalar e várias desculpas
depois eu disse que não tinha bicicleta adequada e imediatamente me arranjaram
quem me emprestasse. Fui buscar a bike na casa do amigo e coloquei na revisão
para deixá-la zerinho. Comprei material básico adequado, aquela bermuda fofa na
região bundal-sacal, capacete, luvas. Joelheira e cotoveleira eu tinha, eram da
época que eu jogava vôlei. A trilha de bike seria no Japiapé, cuja piada está
pronta, pois íamos andar de bike, aonde o Japi vai a pé. Preparação teórica foi
feita, me mostraram o mapa da trilha. Parecia um eletrocardiograma, era um
gráfico com picos e vales. Olhei aquilo e vi que no começo fazia um pico
pequeno e depois um pico maior, um verdadeiro picão. Perguntei curioso em como
ler corretamente aquele mapa e me disseram que era o relevo do terreno. Franzi
a testa, torci a boca e olhei desconfiado para aquilo. Não havia tempo para eu
fazer academia e me preparar adequadamente e então partimos para a serra do
Japiapé. Encontro programado para as seis horas da manhã no supermercado no
começo da estrada. Esperamos um dos participantes por uma hora e às sete horas estávamos
na estrada para encontrar o outro colega. Encontros e desencontros depois,
chegamos quase às 9 horas no local. Arrumamos todo o equipamento e partimos
pelo primeiro trecho asfaltado da estrada para depois encontrar a estrada de
terra. Vi os primeiros ciclistas sair pela estrada e fui um dos últimos. Logo
na curva três, dois simpáticos cachorros resolveram perseguir as bikes e eu me
perguntei por que eles escolheram as bikes finais e não ao que iam à frente.
Livrando-me dos fofos cãezinhos, na curva oito metade do grupo seguiu e a outra
metade parou para arrumar alguma coisa na bike de alguém. Falaram para avisar
os apressados para esperarem e eu resolvi alcançá-los. Assim que parti olhei
para traz para conferir os que ficaram e quase me espatifei na valeta lateral
que acompanha a estrada. Recomposto do susto alcancei os apressadinhos que
pararam para aguardar os retardatários. Já na estrada de terra, várias
subidinhas e descidinhas me estimularam. Subia forçando os músculos das pernas
e chegando ao topo era só alegria para descer em desabalada carreira. Ledo
engano. Na descida, pedras estavam no caminho, obrigando a diminuição da
velocidade. Comecei a perder a paciência, pois a graça de subir com suor e
descer com alegria não rolavam. Além do mais, diversas subidinhas eu fiz a pé,
empurrando a bike, pois não tinha força suficiente para pedalar. Chegou a
primeira subida íngreme e parei. Lembrei que era o pico do gráfico que haviam
me mostrado. Amigos me ajudaram. Eu via a ladeira acima e não via o final dela.
Eles começaram a me incentivar, eu a pé, outro amigo puxando a bike. Nessa hora
pedi para parar que eu ia voltar. Insistiram. Amigos de verdade não desistem de
você. Quase aceitei, mas tenho memória boa. Lembrei-me do gráfico em formato de
eletrocardiograma e pensei que estava começando a escalar o pico. Daí eu pensei
“ah não, não vou continuar porque depois desta subida que era o primeiro pico
do gráfico, vai vir o picão. Tô fora!” disse aos amigos. Dá-me a bike aqui que
vou retornar. Insistiram e eu perguntei quantos quilômetros havíamos percorrido.
Disseram-me que eram quatro quilômetros. O passeio era de vinte e oito quilômetros.
Voltei com absoluta certeza que fiz a escolha certa. Eu, heim? Picão não é para
mim. Tava pensando aqui...
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