Tavapensandoaqui
em domar meus animais interiores. Tá dura a vida do brasileiro que deseja
conviver no nosso país dentro da ética e do cumprimento das leis. Não só das
leis que estão na nossa constituição, mas da lei da convivência entre nós,
seres humanos. A preocupação com o vizinho, o cuidado com o próximo, o
compartilhamento de espaço para que todas as pessoas gozem do mesmo conforto já
não existe mais entre os seres desumanos deste país. Pela manhã, no Metrô, um homem
com sua mochila nas costas, pouco se importa se com seu casco parecendo uma
tartaruga ninja ele incomoda aos outros passageiros. Nem pensa em colocá-la na
mão para permitir mais conforto aos demais. Tenho que passar por ele para
descer na estação e meu tigre interior se manifesta e se agiganta inflando o
peito e pronto para soltar uma tremenda patada na orelha do tonto, mas tenho
que controlar meus instintos e mantenho meu animal na jaula. Um gordo na porta
do Metrô ou um sujeito desprovido de magreza, caso algum defensor do
politicamente correto queira encher meu saco, impede a passagem das pessoas que
querem entrar e sair. Com seu fone de ouvidos enorme nas suas orelhas imundas,
olha e mexe com seus dedos gordurosos em seu celular seboso, enquanto as
pessoas desviam da sua nojenta pessoa para exercerem seu direito de ir e vir. O
gordo, além de desprovido de magreza é desprovido também do mínimo de senso de
convivência em sociedade. Desperta em mim meu urso interior, que se agiganta
pronto para exercer um jogo de corpo igual ao que eu fazia nos meus tempos de
zagueiro do futebol de várzea em Santos, mas minha consciência aprisiona também
esse urso feroz dentro da jaula. Circundo o “rolha de poço” tal qual as águas
de um rio que ao encontrar um obstáculo, sabiamente o circunda. Durante o dia,
várias situações aprisionam minhas cobras, minhas águias e meus tubarões
interiores. Falando em politicamente correto, estou de saco cheio de ser
politicamente correto quando no meu país o político é totalmente incorreto, numa
política onde só existem ladrões que protegem sua própria raça de roedores. A
piscina cheia de ratos que é citada na música famosa, é fichinha perto da quantidade
de ratazanas que infesta o Lago Paranoá em Brasília. E voltando para casa depois
do dia de trabalho no mesmo dia, vejo um senhor chegar com seu neto (ou filho?)
no vagão do Metrô em que estou e um educado cidadão oferece-lhe o lugar. E o
desgraçado do velho (velho sim!), ao invés de se sentar, faz o seu menino
ocupar o lugar oferecido. Meu lobo interior quase salta na jugular do velho, que
com seu gesto ofende o cidadão que lhe cedeu o lugar e ainda ensina seu filho
(neto?) que não existe lei nem respeito neste país. Como é duro manter a pele
de cordeiro numa selva de ninguém. A Amazônia é aqui, no país inteiro. Haja
paciência. Tava pensando aqui...
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