Tavapensandoaqui
na perereca. Uma vez eu perdi a perereca e chorei muito. A perereca era muito
cobiçada na década de 60. Acho que hoje é menos cobiçada pelo que eu tenho
observado.
Nessa década em que a perereca da vizinha ficava presa na gaiola, a alta tecnologia da indústria de brinquedos criou um artefato com uma borracha preta muito densa e altamente elástica. Deram a este brinquedo o formato de bola e a batizaram de “Perereca”. Portanto a perereca era uma bola de brinquedo feita com uma borracha dura pra cacete, para usar um termo combinante com a pererecaem questão. Nessa
época eu era um menino de 7 ou 8 anos cuja única perereca que me importava era
a tal bola de borracha.
Um belo dia meu pai chegou do trabalho trazendo de presente a minha primeira cobiçada perereca. Era raro ganharmos presentes modernos, pois nossa situação financeira não permitia abusos. Mas a perereca era baratinha.
Morávamos numa casa com quintal e com um espaço na frente que podia ser uma garagem cujo chão era ladrilhado com aquelas cerâmicas vermelhas quebradinhas, muito comum em casas como a nossa. A casa tinha um portão de grade bem baixa que fechava a sua entrada. Não tínhamos carro, o espaço ficava sempre livre. “Sempre livre” me lembra perereca. Deixa prá lá.
Muitas vezes eu e meu louro ficávamos neste portão andando e cagando para lá e para cá (ele que cagava, que fique claro). Ele falando “dá o pé louro”, eu respondendo “currupaco” e acompanhando-o segurando a sua corrente para ele não fugir. A calçada era larga, a rua era de asfalto e do outro lado tinha um muro enorme que cercava um jardim todo arborizado do Hospital Beneficência Portuguesa, onde nasci (em Santos na Vila Belmiro). Enfim, depois de ganhar o presente do papai e de ser impedido de brincar com a perereca dentro de casa, eu com minha maravilhosa perereca na mão, corri para frente da casa e de frente para a parede frontal levantei o braço o mais alto que pude e enfiei a perereca em direção ao chão de ladrilhos vermelhos. Até pulei ao fazer o movimento.
A perereca foi de encontro ao chão na maior velocidade! Assim que bateu no chão, foi de encontro à parede frontal da casa na maior velocidade! Assim que quicou na parede subiu a uma altura enorme na maior velocidade! Passou por cima da minha cabeça na maior altura! (hahaha peguei você). Assim que quicou na calçada atrás de mim, pegou a maior altura de novo e foi quicar no meio da rua na maior velocidade! Um encontro fantástico aconteceu nesta hora, quando um carro passava pela rua na maior velocidade! Perereca e automóvel, que de certa forma se atraem, colidiram na maior velocidade!
E a perereca pegou a maior velocidade e altura sumindo no espaço sideral. Procuramos a maldita perereca pelo quarteirão inteiro entrando até no jardim do hospital para procurá-la e até hoje eu estou a procura da minha perereca. Eu até achei outra perereca mais tarde, mas aquela perereca eu nunca mais encontrei. E você?
Já teve uma perereca que perdeu e sente muito até os dias de hoje? Eu tenho. Tava pensando aqui...
Nessa década em que a perereca da vizinha ficava presa na gaiola, a alta tecnologia da indústria de brinquedos criou um artefato com uma borracha preta muito densa e altamente elástica. Deram a este brinquedo o formato de bola e a batizaram de “Perereca”. Portanto a perereca era uma bola de brinquedo feita com uma borracha dura pra cacete, para usar um termo combinante com a perereca
Um belo dia meu pai chegou do trabalho trazendo de presente a minha primeira cobiçada perereca. Era raro ganharmos presentes modernos, pois nossa situação financeira não permitia abusos. Mas a perereca era baratinha.
Morávamos numa casa com quintal e com um espaço na frente que podia ser uma garagem cujo chão era ladrilhado com aquelas cerâmicas vermelhas quebradinhas, muito comum em casas como a nossa. A casa tinha um portão de grade bem baixa que fechava a sua entrada. Não tínhamos carro, o espaço ficava sempre livre. “Sempre livre” me lembra perereca. Deixa prá lá.
Muitas vezes eu e meu louro ficávamos neste portão andando e cagando para lá e para cá (ele que cagava, que fique claro). Ele falando “dá o pé louro”, eu respondendo “currupaco” e acompanhando-o segurando a sua corrente para ele não fugir. A calçada era larga, a rua era de asfalto e do outro lado tinha um muro enorme que cercava um jardim todo arborizado do Hospital Beneficência Portuguesa, onde nasci (em Santos na Vila Belmiro). Enfim, depois de ganhar o presente do papai e de ser impedido de brincar com a perereca dentro de casa, eu com minha maravilhosa perereca na mão, corri para frente da casa e de frente para a parede frontal levantei o braço o mais alto que pude e enfiei a perereca em direção ao chão de ladrilhos vermelhos. Até pulei ao fazer o movimento.
A perereca foi de encontro ao chão na maior velocidade! Assim que bateu no chão, foi de encontro à parede frontal da casa na maior velocidade! Assim que quicou na parede subiu a uma altura enorme na maior velocidade! Passou por cima da minha cabeça na maior altura! (hahaha peguei você). Assim que quicou na calçada atrás de mim, pegou a maior altura de novo e foi quicar no meio da rua na maior velocidade! Um encontro fantástico aconteceu nesta hora, quando um carro passava pela rua na maior velocidade! Perereca e automóvel, que de certa forma se atraem, colidiram na maior velocidade!
E a perereca pegou a maior velocidade e altura sumindo no espaço sideral. Procuramos a maldita perereca pelo quarteirão inteiro entrando até no jardim do hospital para procurá-la e até hoje eu estou a procura da minha perereca. Eu até achei outra perereca mais tarde, mas aquela perereca eu nunca mais encontrei. E você?
Já teve uma perereca que perdeu e sente muito até os dias de hoje? Eu tenho. Tava pensando aqui...
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