Tavapensandoaqui
no dia da gratidão. Dia seis de janeiro que passou é o dia da gratidão,
conforme li em um monte de “post’s” aqui pela internet. A data teve origem no
dia 21 de setembro de 1965, quando um encontro internacional no Havaí reuniu
pessoas motivadas a reservar um dia no ano para agradecer. Obtive essa informação
através da versão atualizada do pai dos burros nos dias atuais, o Google. Dia 6
de janeiro é o dia em que minha querida tia Alice, irmã do meu pai (ambos
falecidos) fazia aniversário. É dia de Reis também, o dia que devemos retirar
os enfeites de Natal para aqueles que acreditam na data e montaram árvore de
Natal e Presépios. Na minha infância morei com ela até os meus nove anos quando
meus pais, que moravam junto, conseguiram comprar seu próprio apartamento. Morávamos
em uma casa na Vila Belmiro, famosa pelo Santos Futebol Clube, vivi lá com meus
pais e meus tios Victorino, Olivia e a tia Alice. A prima Marlene era filha da
outra tia, Alzira, e morava com a gente também. Meu pai teve nove irmãos, um
deles sumiu no mundo. Todos estão do lado de lá esperando pela gente. Foi uma
infância ótima, tínhamos quintal para quarar a roupa lá no fundo, árvore de
abricó no vizinho. Nunca comi, eu era efetivamente uma criança ruim para comer.
Meu pai fez piscina no fundo, a água chegava até nossas canelas (impossível
algum de nós se afogar nela), ele tinha habilidade em construir coisas e
construiu até uma casa inteira no morro do Pacheco, aquele na entrada da cidade
de Santos. Eu batia bola com meu tio Victorino, meu pai fazia trabalhos em
madeira na bancada que tinha por lá e o chão do quintal era aquele de caquinhos
vermelhos rejuntados por cimento. Meu pai construiu um Forte Apache de madeira,
não tínhamos dinheiro suficiente para comprar um brinquedo desses. Fez autorama
também, acreditem (projeto da pista foi meu, tinha até cruzamento no circuito).
Mas eu comecei a falar em gratidão e quero agradecer alguém muito especial na
minha vida. Ele entrou como namorado da minha tia Alice e hoje eu reconheço que
muitas das minhas atitudes e habilidades vieram do seu exemplo. Meu pai não era
tão próximo de mim como foi esse meu querido tio Ary. Ele começou a namorar a
tia Alice e entrou na minha vida definitivamente. Era motorista da polícia,
levava o delegado para lá e para cá. Ele tinha arma, sempre resguardada das
crianças e tinha algemas, que ele colocava em mim para me prender (é claro que
eu segurei vela no namoro deles durante muito tempo) e eu me livrava delas com
facilidade, pois meus braços e pulsos eram magrinhos e passavam fácil pelos
aros da algema. Muitas vezes ele me levou para São Paulo no Aero Willys vermelho
com chapa fria, sem cinto de segurança, levou de Kombi para pic-nics na Praia
Grande (Kombi do nosso vizinho) e andei até de Karman-Guia que não sei de quem
era. Cuidou do meu bichinho de estimação depois que nos mudamos, um papagaio
que não lembro se tinha nome, mas se fosse nos dias de hoje provavelmente
chamaria Louro José. Quando adulto, fizemos muitas viagens de carro juntos e
estranhamente eu sempre era o carro da frente, porque ele dizia que eu dirigia
melhor e ele me seguia. Essa visão dele acredito eu, que foi em função de uma
viagem que fiz ao exterior e dirigi por lá e ele sempre fazia viagens curtas e
então ele achava que viagens mais longas eu teria maior capacidade de ir pelo
caminho certo. Nossas histórias foram muitas, ele era meticuloso, curioso em
eletricidade, vivia comprando novos dispositivos que surgiam e consertava um
monte de equipamentos eletrônicos da família. Minha gratidão nessa crônica vai
para meus tios, Ary que tem hoje seus 85 anos e minha querida tia Alice (post
mortem). Bons tempos que ficam dentro de nós. Tava pensando aqui...
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